LUTAR, LUTAR, LUTAR!
A História é traçada de acordo com a dinâmica de todos os intervenientes que estabelecem a cadência e as aparentes pausas ou os movimentos mais ou menos bruscos antes de provocarem as mudanças qualitativas.
O operariado industrial ou agrícola e os restantes assalariados têm sido e continuarão a ser, consoante a sua capacidade de organização, os porta-bandeira da classe mais explorada. Bandeira que a classe média, sempre que se considera relativamente bem instalada, não segue e por vezes vilipendia, permitindo o reforço do poder económico que se impõe ao político. De mãos livres, os detentores do capital, com a classe trabalhadora reduzida aos limites da sobrevivência, lançam-se à extorsão das classes que pela sua volubilidade e oportunismo entregaram o garrote aos seus algozes, na suposta convicção de que nunca seriam sujeitas a quaisquer tratos de polé.
O mal-estar instala-se na classe média que se esvai. Os jovens com o futuro bloqueado perdem perspectivas e entram em desespero, e os progenitores acumulam cada vez mais dificuldades para fazerem face às necessidades do agregado familiar. A revolta mansa, própria dos que deixam aos outros a histórica missão de construir o futuro, torna-se neurastenia. Desorientados e em desespero juntam-se aos que ocupam as ruas e as praças reivindicando vida digna e futuro em liberdade. A adesão desta classe volúvel, e que com frequência serve de fiel de balança, é indispensável nas lutas que se avizinham.
Classe rafeira que sempre reivindicou o bem-estar para si, e salvo raras excepções também pensou nos mais desprotegidos.
Que percam os complexos, timidez ou ronha.
Entrem na luta!
Venham aprender como se conquista a liberdade de que se têm aproveitado e que não surge por decreto.
Bem no Fundo - Paulo Leminski
No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.
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