A relação com o defunto é meramente comercial, mesmo assim, não é correcto rir num funeral. Estes assalariados acumulam as funções de gestores, capangas e gatos-pingados. São a simbiose de Dias Loureiro e Duarte Lima. Assassinam e dilapidam o nosso património. Surgiram todos da mesma caverna onde se reúnem para projectar novos crimes.
Não lhes podemos dar tréguas.
Ou os escorraçamos ou seremos trucidados.
Não há alternativa.
Não há quem reivindique a paternidade da crise; nenhum ser, nem mesmo se extra-terrestre for, se assume como responsável por tanta austeridade; e o mercado surge-nos de burca, ocultando o rosto forçosamente sinistro.
O seu grande mérito está em adivinhar tudo o que já aconteceu. É de uma sagacidade impressionante, absorve todas as ideias mastigadas e mesmo até as já digeridas. É capaz de prever que, vinte e quatro horas após o meio-dia de hoje será novamente meio-dia amanhã. E porque lhe reconhecem tamanhos dotes, os pasquins abrem-lhe as primeiras páginas, nomeadamente o DN, onde o sujeito se espoja e alivia.
“Mário Soares traça um cenário negro para o próximo ano”.
Impressionante!
Ainda ninguém se havia apercebido disto!
E o vidente lança a mais original afirmação, algo nunca ouvido ou pensado:
“A austeridade sem crescimento económico só conduz a uma situação pior do que aquela que temos – uma desgraça”.
Reparem bem no farsante…
“É urgente mudar de política”!
Enquanto primeiro-ministro e Presidente da República o PCP xingou-lhe a mona exigindo que mudasse de política.
Esta coisa esponjosa, não abriu a porta ao lixo que nos entulha, ele foi a porta e o lixo. E hoje, sem decoro, vem alertar todos os que seguem ponto por ponto tudo o que por ele foi iniciado e, desde sempre, por si aplaudido.
É o histórico do Partido Socialista, onde neste momento impera o Seguro, acabado de chegar de Marte.
Este não é o mítico menino Jesus que teria vindo ao mundo para nos salvar. Esta é a imagem do ódio e da barbárie, que dois mil anos passados, no mesmo espaço geográfico e por devotos do mesmo deus, os sionistas massacram as crianças palestinas e de mãos ensanguentada erguem os escritos sagrados em louvor de uma entidade que de sagrado nada tem.
Esta é a minha pedrada no charco do vosso conforto.
Não pode haver natal onde quer que as crianças sofram.
Estamos no período de engorda das boas almas. A caridade é um imenso prado onde as almas santas se podem cevar de boas acções. As “boas almas” manifestam-se de acordo com o calendário e o calendário manda que este seja o momento dos bons gestos, de darmos as mãos e aquecer os pés aos desafortunados. As boas almas enquanto besuntam as vítimas de mercurocromo encobrem os criminosos. As almas pias jogam ao mesmo tempo no par e no ímpar. Cuidando dos explorados esperam do céu o conforto divino e aliviando a responsabilidade dos exploradores aguardam que estes lhes concedam recompensas terrenas.
São corações que sangram pelos pobrezinhos com fominha e sem teto, apoiando sem reservas nem remorsos os que arrastam para a miséria todos os que vivem do seu trabalho.
Há estados de alma desalmados!...
ORAÇÃO ANTES DA
PEREGRINAÇÃO DE JOELHOS
Santíssima Trindade
Pai, Filho e Espírito Santo,
adoro-Vos profundamente.
O meu coração exulta
por tantos benefícios
que me haveis concedido.
Ajudai-me a reparar com o bem
o mal dos meus pecados.
Aceitai esta peregrinação de joelhos
até ao lugar bendito
onde Maria nos comunicou
a certeza do Vosso Amor.
Por este sacrifício
imploro a bênção do perdão
sobre os pobres pecadores
a fim de que todos,
abertos à mensagem do Evangelho,
gozemos de paz no tempo presente
e cheguemos um dia às alegrias eternas.
Por Cristo, Senhor Nosso. Ámen.
* * *
É assim que nos querem, profundamente agradecidos e de rastos.
Humilhados e adoradores do Espírito Santo (BES), BCE e FMI.
De coração exultante pelos enormes sacrifícios que nos têm infligido.
E pelas greves e manifestações a que aderimos, pecados nossos, auto-flagelamo-nos para reparar tamanha ofensa.
E nesta peregrinação de joelhos, imploramos que aceitem o nosso trabalho gratuito, e resignados ao santo-sadismo, consentirmos o esbulho e o terror a que somos submetidos.
Emigrando para o inferno onde se vive melhor que sob tamanho jugo, apagaremos os nossos nomes das estatísticas de desemprego.
E só gozaremos de paz e chegaremos um dia às alegrias eternas, quando todos estes escroques forem julgados pelos crimes que vêm cometendo, e, encarcerados ou expulsos do nosso convívio, reconquistarmos a liberdade estilhaçada.
“A ORAÇÃO ANTES DA PEREGRINAÇÃO DE JOELHOS”
é o guia social que nos estão a impor. É o plasmar no social a mentalidade submissa do rebanho, que de olhos postos no “lugar bendito” ignora que vive nas trevas.
O Pensador é uma das mais belas estatuetas angolana de origem tchokwe.
O pensador
Os pensadores pensam, pensam, esgotam-se a pensar, e quando aliviados puxam o autoclismo.
O "Prémio Pessoa" este ano foi atribuído a um pensador!
E o que faz um pensador? Obviamente, pensa!
O pensador premiado tem pensado o país. Onde quer que chegue estendem-lhe a passadeira rosa ou laranja, e uma plateia de acéfalos (se o denominam de pensador o que serão os outros?) boquiabertos, bebem o seu requentado pensamento.
Enquanto o pensador pensava o país, aqueles que o premiaram iam dinamitando a pátria renascida no 25 de Abril. Trinta e sete anos a pensar o que somos, sem se aperceber em que nos tornávamos. É certo que pensar tanto deve cansar muito, não o deixando ver ou se aperceber do que o rodeava. Só assim se compreende que não tenha visto ou vendo se acoplou aos que destruíam um sonho que se tornava realidade.
Logo em 1974, lembro-me de o ouvir na Gulbenkian em Paris, rodeado de uma plêiade de candidatos a pensadores, divagando sobre um tema que sobremaneira os preocupava: “qual o motivo porque grande parte da intelectualidade portuguesa era comunistas ou apoiava o Partido Comunista?”
Lembro-me como se fosse hoje, quando o pensador se dirigiu à assistência, e como qualquer jesuíta que se preze, anunciou: “Nós não estamos aqui para fazer anticomunismo!” E ao enunciar os seus propósitos já o estava fazendo. Seguiu-se a diarreia intelectual programada.
O pensador nunca se preocupou, se este ou aquele intelectual é ou foi de direita ou da extrema-direita, se milita no tal socialismo de rosto humano ou navega nas águas do esquerdismo. O pensador preocupou-se, sim, com os intelectuais comunistas ou os que com o Partido se confundiam.
Assim se compreende que não o tenham esquecido. Há patrões reconhecidos.
