Creio que o semanário ‘A OPINIÃO” era a única publicação do Norte que ia
à censura a Lisboa, mas não desistíamos, e quando pelo menos se salvava o
título de um artigo, fazia-se dele uma bandeira. Foi o caso.
(escrito em 11/2/74 e publicado em 2/3/74,
procurava alertar para a exploração da imigração em França.)
Quando
olhamos para trás e aferimos a nossa coerência e dela nos orgulhamos é, não só
salutar como compensador. Nunca exigimos outro pagamento.
Como assinalado em
baixo, a primeira página foi cortada em quase 50%.
O 1º corte (não
esquecendo que estamos em Fevereiro de 1974)
«Provocar desemprego para tentar disciplinar a seu proveito a
classe operária é uma das velhas táticas do patronato, que lhe tem valido
muitos benefícios e também alguns dissabores. Ele sabe no entanto que é muito
perigoso ir para além dos limites que possam por em causa a sua própria
segurança e que todas as precauções são poucas.»
2º corte
«Quando uma “crise” se avizinha e por razões estratégicas há
todo o interesse em a acelerar, o espectro do desemprego é a melhor arma, a
mais eficaz quando bem manejada, para amedrontar a classe trabalhadora de baixa
formação político-ideológica. Na crise que vem de há muito corroendo o
capitalismo, podem fomentar-se crises de percurso, para ganhar terreno na
maioria das vezes perdido face a trabalhadores decididos e conscientes. Estas
crises de percurso, dizíamos, não são mais do que um contra-ataque dos
detentores dos meios de produção contra a classe operária, espalhando por algum
tempo o pânico entre os vendedores da força de trabalho fazendo-os entrar em
concorrência entre si. Uma forma indireta de não só bloquear, mas mais do que
isso, baixar os salários, aproveitando-se destes momentos de “crise” para
acelerar a inflação e, consequentemente, a especulação.»
Hoje
os jornais não vão à censura, são censurados na redação pelos patrões dos
anteriores censores.
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