Eles não pensavam, eles não admitem
nem toleram que os trabalhadores de cabeça levantada os olhem de frente, eles
não suportam que os afrontem, eles gostam, eles adoram a submissão
amarelo-ugetista e dos bloquistas que para não darem visibilidade à sua insignificância
na participação no mundo laboral, “optaram” por se confinar, finados ficaram.
Por tudo isto e muito mais, publico
este texto do Luís Neves, que muito me agradou.
Luís
Neves
Como
tanta vez me acontece, acabei por dar o braço à palmatória.
Quando ouvi falar que a Central Sindical iria assinalar o Primeiro de Maio na rua, pensei cá com os meus botões, é porque é legal mas para quê? Vai provocar um choro de indignações de populares, populistas, ressabiados, confinados e eu, temente ao vírus e prevenido, decidi: não vou! Não contem com o meu braço!
E, quando começaram a chover os argumentos contra, eu assenti: têm razão! Mas para quê?!...
Mas, quando a foto da alameda começou a repetir-se nos meus olhos como imagem histórica e me começou a tocar, quando os fachos se começaram a exaltar, os bispos da primeira república começaram a reclamar "aqui treze de maio!", quando os pivots de tv começaram a morder na CGTP, quando os carmelitas de ocasião levantaram o rabo do sofá e foram pôr "gosto" no facebook às mensagens reaccionárias , quando senti que quem se organiza assim pensou, muito antes de mim, as críticas a que se iria expor, desapertei os botões dos meus pensamentos, abri o peito e disse alto para comigo: isto também é comigo, batam aqui!
Mas este abrir de peito não é para os "chegas" assumidos e não assumidos que neste tempo pululam por aí, não é para os que sempre acharam que o Primeiro de Maio é só mais um feriado e está bem assim, não é para os que nunca puseram o corpo numa manifestação de classe, não é para aqueles que nunca vão ler isto ou para os que ao segundo parágrafo desistiram - lá está este gajo com as coisas dele, de comunista! É para ti, que não sendo nenhum destes, que tens a consciência que vendes a tua força do trabalho todos os dias, que sabes que para viver tens de produzir, que sabes que a comida não nasce no hipermercado, que sentes que isto não pode continuar assim, é para ti!
A imagem que tanto te revolta, não te assustes, não é uma coreografia da Coreia, se a olhares bem, tem a tua força! A força de quem sabe que o futuro não pode ser suspenso, que temos de avançar, organizados, cumprindo regras. Somos trabalhadores, ninguém nos irá trazer a comida à porta, nenhuma "jonet" nos salvará, nenhum estado, por mais social que seja, nos poderá assistir por muito mais tempo.
A imagem que tanto te revolta, num tempo em que, sem dares por isso, te tiram direitos todos os dias, em que se estudam os argumentos para as inevitabilidades dos próximos tempos, tem também uma mensagem de classe: somos trabalhadores, estamos atentos, existimos, esta é a nossa voz.
Não te assustes, mais tarde ou mais cedo tens de te pôr ao carro e ao trabalho, cumpre as recomendações das autoridades, foi isso que os manifestantes do Primeiro de Maio fizeram. Que o façam também nos locais de trabalho, nos transportes públicos, na praia e no Treze de Maio.
E não te aventures, não faças do Ventura um Trumponaro!
Quando ouvi falar que a Central Sindical iria assinalar o Primeiro de Maio na rua, pensei cá com os meus botões, é porque é legal mas para quê? Vai provocar um choro de indignações de populares, populistas, ressabiados, confinados e eu, temente ao vírus e prevenido, decidi: não vou! Não contem com o meu braço!
E, quando começaram a chover os argumentos contra, eu assenti: têm razão! Mas para quê?!...
Mas, quando a foto da alameda começou a repetir-se nos meus olhos como imagem histórica e me começou a tocar, quando os fachos se começaram a exaltar, os bispos da primeira república começaram a reclamar "aqui treze de maio!", quando os pivots de tv começaram a morder na CGTP, quando os carmelitas de ocasião levantaram o rabo do sofá e foram pôr "gosto" no facebook às mensagens reaccionárias , quando senti que quem se organiza assim pensou, muito antes de mim, as críticas a que se iria expor, desapertei os botões dos meus pensamentos, abri o peito e disse alto para comigo: isto também é comigo, batam aqui!
Mas este abrir de peito não é para os "chegas" assumidos e não assumidos que neste tempo pululam por aí, não é para os que sempre acharam que o Primeiro de Maio é só mais um feriado e está bem assim, não é para os que nunca puseram o corpo numa manifestação de classe, não é para aqueles que nunca vão ler isto ou para os que ao segundo parágrafo desistiram - lá está este gajo com as coisas dele, de comunista! É para ti, que não sendo nenhum destes, que tens a consciência que vendes a tua força do trabalho todos os dias, que sabes que para viver tens de produzir, que sabes que a comida não nasce no hipermercado, que sentes que isto não pode continuar assim, é para ti!
A imagem que tanto te revolta, não te assustes, não é uma coreografia da Coreia, se a olhares bem, tem a tua força! A força de quem sabe que o futuro não pode ser suspenso, que temos de avançar, organizados, cumprindo regras. Somos trabalhadores, ninguém nos irá trazer a comida à porta, nenhuma "jonet" nos salvará, nenhum estado, por mais social que seja, nos poderá assistir por muito mais tempo.
A imagem que tanto te revolta, num tempo em que, sem dares por isso, te tiram direitos todos os dias, em que se estudam os argumentos para as inevitabilidades dos próximos tempos, tem também uma mensagem de classe: somos trabalhadores, estamos atentos, existimos, esta é a nossa voz.
Não te assustes, mais tarde ou mais cedo tens de te pôr ao carro e ao trabalho, cumpre as recomendações das autoridades, foi isso que os manifestantes do Primeiro de Maio fizeram. Que o façam também nos locais de trabalho, nos transportes públicos, na praia e no Treze de Maio.
E não te aventures, não faças do Ventura um Trumponaro!
1 comentário:
Bem na "mouche"!Abraço
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