sábado, 27 de janeiro de 2024

Chamando os burros pelos seus nomes

 


ESTE TEXTO É PARA TI QUE NÃO SABES LER

Vota sua besta!

Dá voz aos cinzéis que apunhalaram o século findo de cinzento,

Canta e ergue os hinos e bandeiras que condenaram à miséria os teus avós.

- A fome fez-lhes bem! - dirás.

- Não comeram coisas que lhes fizessem mal!...

Tu que és a raça pura duma pátria inventada e não queres cá misturas,

Besta seduzida pela palha adulterada que faz esbracejar Ventura,

Carrega a albarda que não podes ver porque estás sob ela,

Exibe o teu geosaber com os nomes das cidades dos grandes clubes da bola,

Gaba-te de não leres, de odiares a escola e de ignorares o que se passa à tua volta,

Baba-te no crédito que isso dá à tua opinião!

- Tenho esse direito, não?

Perguntas tu, num espasmo de direito democrático à revolta. E claro, não precisas de dizer, o mais grave disto tudo é o Rendimento Social de Inserção!...

Tu, cuja alta cruz só te permite olhar para baixo no Natal,

Serve-te do boletim para fazeres a cruz em que queres ser crucificado,

Abre às pazadas a cova da ignorância em que vais ser enterrado.

- Não digas a ninguém! O voto é secreto!...

Consola-te enquanto limpas o rabo e goza enquanto contemplas aquilo que fizeste,

Orgulha-te do resultado de teres tido razão:

- Eu bem disse que os gajos iam subir outra vez!

As tuas capacidades de vidência são uma ternura.

Tu, tu, tu e tu, tu aí, tu e tu também!

Eu não me importo de morrer antes de ti só para não viver o monstro protofascista onde a tua consciência vai desaguar.

És uma besta! Uma besta tal que não se reconhece como tal!

Conheço-te muito bem, tu cá, tu lá!

Não me dês palmadas no dorso! Animal és tu! Eu sou da humanidade!

- O futuro é bom se for como o passado mas uso aquele champô novo que dá na televisão!

Pois, está explicado o estado da tua cabeça. Se houvesse medicina da consciência, para começar, recomendava-te que trocasses o aparelho por cânhamo e que lesses o Escuta Zé Ninguém.

-Vai bardamerda pá! Não é por escreveres uma cruz que sabes ler!

(Roubado no face, adivinhem de quem.)


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