Para os que advogam que a nossacrise vem do exterior, relembro esta crónica de há 4 anos, Setembro de 2005.
111
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
……………………………
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
Fernando Pessoa - Mensagem
Num estudo divulgado peloSemanário Económico, «a manter-se o ritmo das últimas trêsdécadas, 111 anos é o tempoque o País demorará paraatingir a média do produtointernobruto (PIB) da UE.»
Se me permitem acrescentaria sómaisumano – commildiabos, maisanomenosano, quemal daí virá? Comestepequeno acrescento, ficaríamos comum logótipo emblemático facilmente reconhecível e condizente com a nossasituaçãopassada, actual e futura; o 112 é o número de todas aflições, desastresoucatástrofes de qualquernatureza,cheira a clorofórmio, soa a tragédia e faz-nos lembrar o relampejar do ni-nó-ni.
Se, de facto, não estamos a viverumcataclismo,quealguémmesaiba adjectivar a actual situaçãoquenos traz à memória o passadorecenteemquepor várias vezesnos afirmaram ser Portugal um “oásis”, de talmodoidílicoquenuncademosporele. Que rolávamos no “pelotão da frente” sempre a pedalar nas bicicletas fixas dos ginásios, quefrustração! Da lanternavermelha,perdão, laranja e rosapouco se tem falado.Talvezumproblema de daltonismointelectualoudeslembrança!
Perdemo-nos no deserto de tantas desgovernanças, e do oásisnem a miragem; quanto ao “pelotão da frente”, levámos todoestetempo a encherpneus, e jánosfalta o ar. Ofegantes, vamos cavando os alicerces desta nossaviltristeza:Subsídiosparamanter as terrasempousio e abater a nossafrotapesqueira investindo na compra de submarinosparamelhormergulhar a nossaindigência e alguma vergonha, se alguma aindanosresta.
O nossograndeesforço no investimentoprodutivopara conseguirmos chegar à média do PIB europeu, encontramo-lo no envio de militaresporta-estandartes do imperialismoIanque nas suas criminosas agressões, despendendo assimmilhões e milhões de eurose acelerando deste modo a nossalestacaminhadaquenos levará, dentro de cento e onze anos à média do produtointernobruto da UE.
Temos vendido a preços de saldo a maquinaria da nossaindústriatêxtil, à medidaquevão encerrando as fábricas, a indianos e chineses, depois de termosalienado ao desbaratotoda as máquinas da SiderurgiaNacional.
Sabendo quesem a qualificação dos nossosjovens seremos sempre o que somos, e porqueentre os 29 países da OCDE os nossosalunos ocupam o 26º lugarem literacia da leitura, a 27ª posição no domínio da matemática e a 28ª emciências, paracolmatar esta tremendadeficiência e atingirmos a média europeia do PIB, a classedocente é menosprezada e desmotivando-a dificultam o regularexercício das suasfunções.
Serenamente, a serenidade e a auto-estima são os cajados aconselhados pelosgovernantes, aguardemos o ano de 2116 para comermos pipocas, hambúrgueres e muitas maismixórdiasque a globalização distribuirá pelospaíses pobrezinhos.
Sem comentários:
Enviar um comentário