domingo, 10 de janeiro de 2010

João Guimarães Rosa


Um dos maiores ourives da palavra…”

Em meus textos.
quero chocar o leitor,
não deixar que ele repouse
na bengala dos lugares-comuns,
das expressões acostumadas
e domesticadas.
Quero obrigá-lo a sentir
uma novidade nas palavras.”

JOÃO GUIMARÃES ROSA
1908 – 1967

Permito-me partilhar convosco a alegria deste reencontro com João Guimarães Rosa, escritor que tão grande contributo deu na construção da língua portuguesa.

Aquilo saía gemido e tremido, e vinha bulir com o coração da gente, mas era forte demais. Octaviano pediu a seu Saulinho para mandar o pretinho calar a boca. Mas seu Saulinho tinha tirado da algibeira o retrato da patroa, e ficou espiando, mais as cartasPorque seu Saulinho não sabia ler, mas gostava de receber cartas da mulher, e não deixava ninguém ler para ele: abria e ficava olhando as letras, calado e alegre, um tempão…”

(in Sagarana)

--- “Quando tudo era falante… No centro deste sertão e de todos. Havia o homem --- a coroa e o rei do reino --- sobre grande e ilustre fazenda, senhor de cabedal e possanças, barba branca para coçar. Largos campos, fim das terras, essas províncias de serra, pastagens de vacaria, o urro dos marruás. A Fazenda Lei do Mundo, no campo do Seu PensarVelho homem morreu, ficou o herdeiro filho

Nos pastos mais de longe da Fazenda, vevia um boi, que era o Boi Bonito, vaqueiro nenhum não aguentava trazer no curral

O sinal desse boi era: branco leite, cor de flor. Não tinha marca de ferro. Chifre de bom parecer. Nos verdes onde pastava, tantos pássaros a cantar.

(in Manuelzão e Miguilim)

5 comentários:

Meg disse...

Meu caro Cid,

Só hoje dei pelo teu regresso, e pelos vistos, bem atrasada.
E que maravilha o Guimarães Rosa... tão bem lembrado nestes tempos do Acordo Ortográfico!
Nunca me atrevi a publicar nada de Manuelzão e Miguilim mas vou pensar nisso.

Um abraço e... BOM ANO!

filipe disse...

Bom, mesmo.
E Machado de Assis, e Érico Veríssimo, e Graciliano Ramos...
E..."Venham mais cinco!"
Um abraço.

Sérgio Ribeiro disse...

O Brasil é assim. Também é assim...
Obrigado pela mensagem.
Um abraço

Sérgio Ribeiro disse...

A propósito de "ourives da palavra", leste o "Comboio da noite para Lisboa"?

Sérgio Ribeiro disse...

A propósito... "ourives da palavra"? Também leste "O comboio da noite para Lisboa", de um autor suiço e, que no Brasil, Se traduziu como "o trem da noite para Lisboa"? Vê, se tiveres pachorra, o meu blog som-da-tinta.

Abraço