Jornais

Na primeira página o mundo está em chamas, na segunda as bolsas estão em queda. Os analistas analisam e conluem que a terra continua a rolar à razão de trinta quilómetros por segundo mas não relacionam que este perpétuo movimento se aplica à dinâmica social.

Na página seguinte, uma cronista encartada afirma que mais importante que o Produto Interno Bruto (PIB) é a Felicidade Interna Bruta (FIB) onde reside a nossa verdadeira riqueza. E os megafones dos mafiosos patrões fazem estas afirmações com o maior dos à-vontades, assim, sem pestanejar.

Molhamos o dedo na viscosidade que escorre do jornal para virar a página e encontramos conselhos para melhor gerirmos os cobres que não temos: Vá à DECO! Se está desempregado e não pode cumprir com os seus compromissos: Vá à DECO! Se não pode pagar o passe social, comprar material escolar para os seus filhos: Vá à DECO! Se está doente e não tem dinheiro para os medicamentos procure no caixote do lixo da farmácia ou vá à DECO.

O eufemismo é rei: «Portugal exporta 67% para países com dores de crescimento» com dores de crescimento… vejam bem!

Se quiser combater o conformismo e ter uma posição activa contra o crime organizado que se instalou no poder não vá à DECO. Junte-se ao grande exército de agredidos e manifeste o seu repúdio conjuntamente com todos os que estão nas suas condições e que já se contam por milhões.

Apague a televisão – esse veneno – e venha para a rua!

Os tempos que se aproximam são de luta áspera.

Exercite a revolta!