Humilde homenagem ao carteirista que foi buscar à carteira de Albert Jaeger, residente em Lisboa desde outubro ao
serviço do FMI, um grão de areia do quanto nos tem
extorquido.
Albert Jaeger
O dinheiro deveria ser como os alhos: com o tempo ficam chochos, não se podem guardar.
O pobre
carteirista encartado, ainda teve ilusões quando lhe encheram os ouvidos com os 300
milhões de clientes. Foi com este palavreado que Soares engodou os pacóvios encafuando-os na paradisíaca CEE.
É certo que para outros gatunos abriram-se novas perspectivas
com o Mercado Único e a livre circulação
de capitais; mas para um modesto artesão madrugador,
que arrisca o pêlo na confusão dos transportes públicos sem conseguir mais que um porta-moedas com alguns escassos cobres que mal dão para o tabaco, 300 milhões de clientes é muito milhão!
Profissão de grande desgaste,
especialização e alto risco, nunca soube que algum
destes profissionais tivesse enriquecido, tão pouco
houve conhecimento que lhes tivessem dado acesso a qualquer curso de especialização que lhes
permitisse chegar aos off-shores, mais conhecidos,
vejam bem, por paraísos fiscais.
Em suma, o
pilha-galinhas, o carteirista ou o pilharete continuam como qualquer um de nós: preocupados com o futuro.
Bom, bom está para a fina-flor do entulho, os bicheiros, os patrões dos jogos de influências, mágicos da
corrupção, gente bem que esmifra gente de bem...
Bem cheirosos, bem nutridos, bem-dispostos, bem-parecidos (melhor seria se desaparecidos); com fotos nas colunas sociais ou policiais,
é pouca a diferença;
gentaça condecorada com todas as "Ordens" e desordens do espúrio; Conselheiros
de Estado, gestores na área do arrecado apadrinhados por Belém; ministros e ex-ministros sinistros mergulhados em escândalos
viscosos, gestores de empórios para os quais fabricaram leis e contractos que reverteram em seu
beneficio. E os media que deles vivem ou a que
pertencem não os tratam de escória ou lixo porque não sabem onde começa ou acaba a influência da quadrilha.
Quem os conhece bem é o Padre Manuel da Costa, retratando-os, melhor, radiografando-os, na sua celebre "ARTE DE FURTAR". Diz-nos, o Padre Manuel, que nunca ninguém se queixou que o dinheiro lhe
pegasse doença a não ser "fome de lhe darem mais", concluindo subtil e sublime destarte:
«DONDO COLHO QUE NAÕ HE BOM O DINHEIRO PARA PAÕ; QUE SE FORA PAÕ, NUNCA HOUVERA DE MATAR A FOME»
Qual será o honesto carteirista que se não sente frustrado, confrontado com tantos mil milhões, sabendo que o bando continua em actividade.
2 comentários:
Pode ser que agora lhe ofereçam uma equivalência a,sei lá,primeiro-ministro,ou para aí assim,é questão de se inscrever na universidade certa com amigos nos "pedreiros" de avental.
Mas lá que dá muito gozo dá.
Um abraço,
mário
Nem vou comentar! Pôssara! Roubaste-me o pensamento! Ninguém me mandou guardar o pensamento na carteira!
Um abraço dum roubador de nêsperas
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