quinta-feira, 31 de outubro de 2013
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
PAPOULA NA CALÇADA - Paulo Quintela
PAPOULA
NA CALÇADA
Entalada entre calhaus por onde passam carros
conseguiu florir toda vermelha e a tempo.
E isto dá certa esperança
Paulo Quintela
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
28 outubro dia internacional da terceira idade
domingo, 27 de outubro de 2013
Quem parte e reparte…
As reformas vão ser indexadas à
“esperança média de vida”. A idade legal da reforma
sobe de 65 para 66 anos de idade no público e no privado.
(foto no DN)
Assunção Esteves
pôde reformar-se aos 42 anos.
A presidente da
Assembleia da República, Assunção Esteves,
recebe 7.255 euros de pensão por dez anos de trabalho como juíza do Tribunal Constitucional. Por não poder acumular esse valor com o ordenado de presidente do Parlamento, Assunção Esteves
abdicou de receber pelo exercício do actual cargo, cujo salário é de
5.219,15 euros. Mantém, no entanto, o direito a ajudas de custo no valor de 2.133 euros, usufruindo
hoje, com 55 anos [7.255 +
2.133] 9.388 euros mensais.
sábado, 26 de outubro de 2013
"NÃO à moeda única, sim ao referendo”.
Público, Junho de 1997.
[Para facilitar a leitura]: «O livro “Moeda Única” é o
último marco da campanha do
PCP “Não à moeda única, sim ao referendo”. O autor é Sérgio
Ribeiro, deputado comunista ao Parlamento Europeu, que
reuniu 40 fichas
utilizadas em debates em que
defendeu o não ao euro. Passa a estar em livro o
“argumentário” comunista contra a moeda única.»
O título da notícia
surge-nos armadilhado. O PCP não se expressa com argumentos, usa uma cartilha - ensinar os primeiros rudimentos
de leitura ou compilação elementar - um prontuário de ideias gastas e muito rodadas da sua velha “cassete”. O “argumentário”
comunista não é
contestado, até porque os comunistas estão sempre contra, assim faziam crer os que aplaudiram esta entrada nos infernos.
Lá estão eles, os comunistas, contra a moeda única!...
E hoje, quase
dezassete anos passados, enaltece-se
a coragem de politólogos,
economólogos e outros astrólogos, que, timidamente ou como quem descobriu a pólvora, advogam a saída do €uro, mesmo que de forma destrambelhada, esquecendo ou encobrindo os que alertaram com veemência para os perigos a que estávamos sujeitos ao se optar pelo caminho que nos levaria ao caos. Não se
tratou de um vaticínio ou profecia do PCP, mas de análises fundamentadas fruto do saber e da honestidade política.
A direita consubstanciada no PS/PSD/CDS, é instrumento bem oleado, não é estúpida, embora tenha
no seu seio gente pouco inteligente. Mário Soares, seu porta-estandarte, que abriu os
portões a esta tragédia, é o esperto-manhoso apoiado e apoiante da
direita que destila do
anticomunismo sibilino ao mais cavernoso.
A entrada para esta fossa em que nos encontramos foi opção ideológica de Mário Soares apoiado por todos os governantes-canídeos que de olfacto apurado lhes
seguiram o rastro.
A questão não está só na saída do €uro, coloca-se mais na saída de quem o trouxe e mantém por constituirem ambos uma só peça deste intrincado puzzle.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
O assalto ao Palácio de Inverno
«Quando se
realizou o assalto ao Palácio de Inverno e o Congresso de Toda a Rússia
dos Sovietes já se encontrava reunido para proclamar a vitória, o calendário russo assinalava o dia de 25 de Outubro. A antiga Rússia, então atrasada
13 dias em comparação com o calendário ocidental, estava cem anos atrasado em relação ao Ocidente no que respeita ao desenvolvimento industrial e pelo menos cem anos no que toca à sua estrutura política e social. Hoje, a União Soviética e os seus aliados podem contemplar as suas realizações. Têm inquestionavelmente de que se orgulhar. A propósito, graças ao potencial criado logo na sequência dos resultados dos
quinquénios antes da guerra, a URSS alcançou o primeiro lugar na Europa e o segundo no mundo em termos de volume global da produção; de acordo com principais indicadores
técnico-económicos e de produção e muitas mercadorias ocupou
uma posição de liderança no mundo.»
Jornal Times, anos 60
Eugénio Lisboa
CARTA ABERTA AO PRIMEIRO-MINISTRO DE PORTUGAL
(extrato)
Todo o discurso político de
V. Exas., os do governo, todas as vossas decisões apontam na mesma direcção: mandar-nos para o cimo da montanha, embrulhados em metade de uma velha manta, à espera de que o urso lendário (ou o frio) venha tomar conta de nós.
Cortam-nos tudo, o conforto, o direito de nos sentirmos, não digo amados (seria
muito), mas, de algum modo, utilizáveis: sempre temos umas pitadas de sabedoria caseira a propiciar aos mais estouvados e impulsivos da
nova casta que nos assola. Mas não. Pessoas, como eu, estiveram, até depois dos 65 anos, sem gastar um tostão ao Estado, com a sua saúde ou com a falta dela. Sempre, no entanto,
descontando uma fatia pesada do seu salário, para uma ADSE, que talvez nos fosse útil, num período de necessidade, que se foi desejando longínquo.
Chegado, já sobre o tarde, o momento de alguma necessidade, tudo nos é retirado, sem uma atenção, pequena que fosse, ao contrato anteriormente firmado. É quando mais necessitamos, para lutar contra a doença, contra a dor e contra o isolamento gradativamente crescente, que nos constituímos em alvo favorito do tiroteio fiscal: subsídios (que não passavam de uma forma de disfarçar a incompetência salarial), comparticipações nos custos da saúde, actualizações salariais – tudo pela borda fora. Incluindo, também, esse papel embaraçoso que é a Constituição, particularmente odiada por estes novos fundibulários. O que é preciso é salvar os ricos, os bancos, que andaram a brincar à Dona Branca com o nosso dinheiro e as empresas de tubarões, que enriquecem sem arriscar um cabelo, em simbiose sinistra com um Estado que dá o que não é dele e paga o que diz não ter,para que eles enriqueçam mais, passando a fruir o que também não é deles, porque até é nosso.
Chegado, já sobre o tarde, o momento de alguma necessidade, tudo nos é retirado, sem uma atenção, pequena que fosse, ao contrato anteriormente firmado. É quando mais necessitamos, para lutar contra a doença, contra a dor e contra o isolamento gradativamente crescente, que nos constituímos em alvo favorito do tiroteio fiscal: subsídios (que não passavam de uma forma de disfarçar a incompetência salarial), comparticipações nos custos da saúde, actualizações salariais – tudo pela borda fora. Incluindo, também, esse papel embaraçoso que é a Constituição, particularmente odiada por estes novos fundibulários. O que é preciso é salvar os ricos, os bancos, que andaram a brincar à Dona Branca com o nosso dinheiro e as empresas de tubarões, que enriquecem sem arriscar um cabelo, em simbiose sinistra com um Estado que dá o que não é dele e paga o que diz não ter,para que eles enriqueçam mais, passando a fruir o que também não é deles, porque até é nosso.
Já alguém, aludindo à mesma falta de sensibilidade de que V. Exa. dá provas, em relação à velhice e aos seus poderes decrescentes e mal apoiados, sugeriu, com humor ferino, que se atirassem os velhos e os reformados para asilos desguarnecidos, situados, de preferência, em andares altos de prédios muito altos: de um 14.º andar, explicava, a desolação que se contempla até passa por paisagem. V. Exa. e os do seu governo exibem uma sensibilidade muito, mas mesmo muito, neste gosto. V. Exas. transformam a velhice num crime punível pela medida grande. As políticas radicais de V. Exa. e do seu robótico Ministro das Finanças - sim, porque a Troika informou que as políticas são vossas e não deles... – têm levado a isto: a uma total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página.
Falei da velhice porque é o pelouro que, de momento, tenho mais à mão. Mas o sofrimento devastador, que o fundamentalismo ideológico de V. Exa. está desencadear pelo país fora, afecta muito mais do que a fatia dos velhos e reformados. Jovens sem emprego e sem futuro à vista, homens e mulheres de todas as idades e de todos os caminhos da vida – tudo é queimado no altar ideológico onde arde a chama de um dogma cego à fria realidade dos factos e dos resultados. Dizia Joan Ruddock não acreditar que radicalismo e bom senso fossem incompatíveis. V. Exa. e o seu governo provam que o são: não há forma de conviverem pacificamente. Nisto, estou muito de acordo com a sensatez do antigo ministro conservador inglês, Francis Pym, que teve a ousadia de avisar a Primeira Ministra Margaret Thatcher (uma expoente do extremismo neoliberal), nestes termos: “Extremismo e conservantismo são termos contraditórios”. Pym pagou, é claro, a factura: se a memória me não engana, foi o primeiro membro do primeiro governo de Thatcher a ser despedido, sem apelo nem agravo. A “conservadora” Margaret Thatcher – como o “conservador” Passos Coelho – quis misturar água com azeite, isto é, conservantismo e extremismo. Claro que não dá.
Alguém observava que os americanos ficavam muito admirados quando se sabiam odiados. É possível que, no governo e no partido a que V. Exa. preside, a maior parte dos seus constituintes
não se aperceba bem (ou, apercebendo-se, não compreenda), de que lavra, no país, um grande incêndio de
ressentimento e ódio. Darei a V. Exa. – e com isto termino – uma pista para um bom entendimento do que se está a
passar. Atribuíram-se ao Papa Gregório VII estas palavras:”Eu amei a justiça e odiei a iniquidade: por isso, morro no exílio.”Uma grande parte da população portuguesa, hoje, sente-se exilada no seu próprio país, pelo delito de pedir mais justiça e mais equidade. Tanto uma como outra se fazem, cada dia, mais invisíveis. Há nisto, é claro, um perigo.
De V. Exa., atentamente,
Eugénio Lisboa
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