Toda a glória de
viver
das gentes é ter
dinheiro
e quem muito quiser ter
cumpre-lhe de ser
primeiro
o mais ruim que puder.
(Gil Vicente)
Os cleptocratas não sujam as patas, são
ratoneiros matreiros, descendentes directos do embuste e da perfídia. Têm, como
modernamente se denomina, uma actuação "abrangente"; apresentam-se
como pessoas sensatas, impolutas e pacatas.
Movimentam-se na "Bolsa" dos
outros, claro, com apetência para as boas "Acções", as más relegam-nas
para parceiros terceiros.
Frequentam a alta sociedade – conceitos
virados do avesso - expelem promessas que rendem juros deixando os promissário
em apuros.
Têm ao seu serviço operacionais
profissionais, não actuam directamente, comandam do escritório "inteligente"
que lhes reforça a astúcia impenitente.
Os cleptocratas são a nata do autocrata,
não vivem em autogestão, têm como Deus e patrão o cifrão.
Seguem sabiamente o rasto do dinheiro
com o olfacto apurado de um perdigueiro e seguram-no como o melhor dos cães de
fila.
Com esta
cáfila não se refila.
Mais difíceis de eliminar que à nojenta
barata, possuem sensores de grande acuidade, o que lhes permite identificarem o
Decreto, a Lei ou o Regulamento que sirva os seus desígnios.
"Não deixe um negócio tão sólido
fugir-lhe das mãos, um dos mais atractivos mercados cimenteiros da Europa,
cujos resultados líquidos serão de 14 milhões de contos em 94 e de 15 milhões
em 95, vendida abaixo da média dos mercados: a CIMPOR". (Desculpem mas
este paragrafo é de um velho artigo relacionado com outros ladrões).
Os cleptocratas agem dentro da
legalidade democrática construída à sua medida. Manobram com os baixos salários e cortes de pensões, sugam
onde faltam cêntimos para engrossar milhões.
Movimentam-se na área neoliberal, não
assaltam bancos nem actuam por "esticão", teleguiados sempre pelo
cifrão, compra consciências de ocasião. Conhecem o preço de uma ilusão e
explora o filão!
Açambarcam o
trigo, controlam o pão.
Não os
conhecemos pessoalmente nem tampouco com eles nos cruzamos,
têm seguranças,
deslocam-se em bólides ou em aviões privados, e como bons cleptocratas
que se prezam vão à missa, rezam,
confessam-se, compram as indulgências no paraíso em que vivem sem receio de mais tarde entrar no purgatório.
10 comentários:
Variações sobre o texto de Gil Vicente.
Um abraço.
Variações sobre o texto de Gil Vicente.
Um abraço.
Tudo bom... mas essa de serem "a nata do autocrata" é do melhor!
Abraço
"Tudo bom", digo eu também. Menos a foto...Não sei se de propósito, se por falta de ... não sei de o quê, espaço, memória, escrúpulos, faltam-lhe muitos "cleptocratas", ao lado e atrás, antes, dos (bem) fotografados: basta pensar em submarinos, freeports e o que mais se sabe...
8 de Janeiro de 2014 às 08:12
Publicar
"Tudo bom", digo eu também. Menos a foto...Não sei se de propósito, se por falta de ... não sei o quê, espaço, memória, escrúpulos, faltam-lhe muitos "cleptocratas", ao lado e atrás, antes no tempo, dos (bem) fotografados: basta pensar em submarinos, freeports e o que mais se sabe...
8 de Janeiro de 2014 às 08:12
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A foto representa bem uma amostra de membros dum gang do crime organizado.Ê certo,que sao muitos mais,mas estes sao bem representativos da classe a que pertencem.O texto diz tudo.Gostei.
Um abraco
Olhe que não sei se o texto diz tudo. Se senti "necessidade" de comentar foi até porque me pareceu que o texto podia estar (sem querer?) a excluir muitos ...
É que nem todos os cleptocratas "manobram com os salários baixos e cortes de pensões" - bem pelo contrário, olá se não foi - nem se movimentam "na área neoliberal".
Isto sem querer entrar em discussões ... semânticas.
Caro José Auzendo, obrigado pela visita mas eu felizmente nunca tive a presunção de "dizer tudo" e se neste post incluisse todos os crápulas os armazens do google pifavam.
Caro Cid Simões, desta vez - há sempre uma primeira vez para tudo - enganou-se no destinatário. É que não foi o "caro José Auzendo" quem disse que o seu texto "dizia tudo".
Deixe-me, entretanto, recordar-lhe uma máxima tão septuagenária quanto eu: se as palavras são armas, uma imagem diz mais que mil palavras.
Já agora, obrigado por aquele seu obrigado. Mas não havia necessidade, não acha?
Quando com cordialidade me visitam agradeço sempre.
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