Quando
observo o imediatismo que envolve a receção aos refugiados, recordo o romance de
Constantin Virgil Gheorghiu “A 25ª hora”. O protagonista, Iohan Moritz, no
final da segunda guerra mundial, após ter passado pelos tormentos que a guerra
lhe impôs, é encontrado e acolhido por jornalistas e fotojornalistas, e para
ilustrarem a notícia com a alegria da libertação, insistem que sorria para as
câmaras. Se bem me recordo, o livro termina com “‘Keep smiling, keep smiling…’
Os
refugiados vindos das guerras provocadas pelos que se fazem passar por bons
samaritanos, e onde deixaram familiares e amigos, os seus melhores bens, - e
porque se outros bens tivessem consigo na Dinamarca seriam confiscados, - são recebidos
por altas figuras do Estado enquadradas pelas televisões e um exército de
jornalistas. Talvez porque não soubessem traduzir para os seus idiomas, não
ousaram pedir-lhes que sorrissem. De lágrimas esgotadas, não se consegue
chorar, nem sorrir.
Sem comentários:
Enviar um comentário