terça-feira, 22 de dezembro de 2015

As lágrimas também se esgotam

Quando observo o imediatismo que envolve a receção aos refugiados, recordo o romance de Constantin Virgil Gheorghiu “A 25ª hora”. O protagonista, Iohan Moritz, no final da segunda guerra mundial, após ter passado pelos tormentos que a guerra lhe impôs, é encontrado e acolhido por jornalistas e fotojornalistas, e para ilustrarem a notícia com a alegria da libertação, insistem que sorria para as câmaras. Se bem me recordo, o livro termina com “‘Keep smiling, keep smiling…’

Os refugiados vindos das guerras provocadas pelos que se fazem passar por bons samaritanos, e onde deixaram familiares e amigos, os seus melhores bens, - e porque se outros bens tivessem consigo na Dinamarca seriam confiscados, - são recebidos por altas figuras do Estado enquadradas pelas televisões e um exército de jornalistas. Talvez porque não soubessem traduzir para os seus idiomas, não ousaram pedir-lhes que sorrissem. De lágrimas esgotadas, não se consegue chorar, nem sorrir.

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