O
4 de outubro cortou-lhes as unhas, mas por reflexo condicionado, gesticulam com
a mesma agressividade como se possuíssem as garras que a reação lhes deu, e por
estranho que possa parecer, são os comunistas que lhe eriçam o pelo.
Reparem:
«Está de novo a
criar-se um ambiente mitológico de branqueamento dos comunistas.»
Um texto antológico saído do ventre
do Diário de Notícias. Para teses de doutoramento ou estudos aprofundados sobre
anticomunismo primário é obrigatório citar BarretoPingoDoce e o PVP sóbrio, o
que não deve ser fácil.
«Os
comunistas portugueses, últimos abencerragens de obscura utopia, derradeiros
exemplares de raça quase extinta, estão aí, para preocupação maior, a exibir o
nosso atávico atraso perante o mundo, a economia, a sociedade, a liberdade e a
cultura! Chegámos atrasados a quase tudo, até à liberdade. E ainda tivemos de
sofrer a última revolução comunista, felizmente abortada.»
É
obrigatório ler este panfleto fascista vomitado pelo braço direito de Mário Soares na
destruição da Reforma Agrária.
«Os
comunistas
DN 8-2-2016
Está de novo a criar-se um ambiente
mitológico de branqueamento dos comunistas. A fazer lembrar os anos 1950: eram,
ao mesmo tempo, os heróis e as vítimas. Os únicos heróis e as principais
vítimas.
Hoje, ser adversário dos comunistas,
não desejar os comunistas no poder e lutar contra eles é mau, é primário e é
reaccionário... Pelo contrário, ser adversário dos fascistas e da direita em
geral é bom, é honroso, é democrata e é progressista...
Não querer os comunistas no governo,
nem sozinhos nem acompanhados, é preconceito, é considerar que há partidos de
segunda e é censura... Ao invés, não querer fascistas nem a direita no governo
é patriótico.
Detestar os capitalistas, a direita,
os sociais-democratas e mesmo alguns socialistas é honroso e patriótico.
Detestar os comunistas é pior do que racismo.
Colocar no mesmo pé comunistas,
fascistas e nazis, atitude justa e de bom senso, é considerado primário e
grosseiro.
Os comunistas portugueses, últimos
abencerragens de obscura utopia, derradeiros exemplares de raça quase extinta,
estão aí, para preocupação maior, a exibir o nosso atávico atraso perante o
mundo, a economia, a sociedade, a liberdade e a cultura! Chegámos atrasados a
quase tudo, até à liberdade. E ainda tivemos de sofrer a última revolução
comunista, felizmente abortada. Tivemos a última revolução industrial na
Europa, o último fascismo, o último colonialismo, a última descolonização, a
última revolução socialista e agora os últimos comunistas.
O mais curioso é que os comunistas
conseguiram convencer grande número dos seus adversários, a começar pelos seus
mais abominados rivais, os socialistas, a serem complacentes e a pensar como
eles. São estes os responsáveis pelo resgate moral e político dos comunistas.
Os comunistas fazem tudo o que se
lhes permite, permitem tudo o que se lhes faz. Dizia De Gaulle. Só conhecem uma
regra, a da relação de forças. E uma lei: a do mais forte!»
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