(Gonçalo
Afonso)
Revolução
da Comunicação
Dr.
Fernando Buen Abad Domínguez
Tradução,
Armando
Pereira da Silva
Nicolas
Maduro dá Voz a um Clamor Mundial
Finalmente há um estadista que põe a “Comunicação” na sua agenda de prioridades com uma chave revolucionária, isto é, com a premissa de que são urgentes mudanças profundas e imediatas com extensão planetária e resposta histórica contundente. Talvez como o sonhou o Movimento dos não Alinhados em 1973 ou como o via o “Relatório MacBride” em 1980. “Um só mundo, vozes múltiplas”.
Ocupar
as paredes, as redes, as ruas e os mídia. Nos bairros, nas escolas, nas
fábricas... tornar visível o sentimento e o pensamento dos povos. Assumir a
vanguarda da semântica, da sintaxe e da “Batalha das Ideias” revolucionárias.
Renovar as técnicas, renovar a imaginação, renovar a poesia da luta: mas
unidos, convertidos em força global, convertidos em factor decisivo e
organizador para que nunca mais sejamos silenciados perante as acometidas
(impúdicas e impunes) do avassalamento monopólico mundial. Como podemos ficar
do lado de fora?
Não
se trata de uma ocorrência de conjuntura. Sofremos episódios sistemáticos de
abuso delinquencial contra a vontade democrática do povo venezuelano, por
exemplo, desde que a sua revolução deu início a transformações decisivas e
exemplares. Cometeram-se atropelos e agressões escandalosos que não mereceram
denúncia nem castigo das organizações internacionais que se auto-proclamam
defensoras da “liberdade de expressão” ou da “independência dos meios de
comunicação”. Silêncio absoluto da UNESCO,
do SIP,
da OEA...
silêncio da FELAFACS,
da INVECOM...
em suma, silêncio dos organismos e associações de profissionais que deveriam
ter resposta rápida contra todas as formas de golpismo mediático. Nem uma
palavra sobre o grotesco diário espanhol “El País” que, por exemplo, publicou a
fotografia de uma pessoa num bloco operatório e a promoveu (com conhecimento da
sua falsidade) como a imagem de Hugo Chávez. Há exemplos terríveis desta
envergadura. E nada se passa.
Maduro
estendeu a convocatória revolucionária ao mundo inteiro. Ele sabe muito bem que
os abusos mediáticos não se reduzem a um único país e que enquanto se fortalece
a aliança mediático-militar (a NATO mediática) os povos são silenciados e as
democracias correm perigo. Há que ver como, por decisão arbitrária e pessoal de
um presidente, se apaga de um golpe de caneta uma “Lei de Imprensa”, como
aconteceu na Argentina. Há que ver como avança o poderio tecnológico baseado
numa assimetria grotesca nas condições e oportunidades para que os povos acedam
a uma tecnologia sustentável sem a extorsão da caducidade programada pelo mercado.
Maduro
entendeu a necessidade de uma Revolução da Comunicação que abarque o ensino,
que torne visíveis – e ensine – as lutas históricas dos povos e a sua herança
simbólica poderosa e vivificante. Ele entendeu a urgência de renovar as agendas
e de as potenciar a partir do que pensam e sentem os povos e não dos interesses dos publicistas, dos
comerciantes ou dos governantes serventuários do modelo de mercantilização
desaforada. Maduro pôs o dedo numa ferida dolorosa e profunda que expressa um
erro e uma das debilidades mais sofridas pelos nossos povos. Indicou um rumo e
uma modalidade de trabalho que, no seu carácter contemporâneo, recolhe as
heranças de gerações e as põe a reflorir quando muitos julgavam que o silêncio
e a resignação nos derrotariam para sempre.
É
verdade que não basta uma convocatória por mais sentida que ela seja. Exige-se
agora um programa com princípios humanistas revolucionários capazes de modelar
acções e metas para o curto, o médio e o longo prazo. É preciso haver
coordenação e unidade imediata. Impõe-se a formação de uma Frente Única
Internacional capaz de superar sectarismos e pessimismo. É necessário trabalho
político imaginativo e confiável, percorrendo portas e ouvidos para articular e
salvaguardar as mais diversas identidades num esforço de unidade do diverso que
nos permita trabalhar juntos nas coincidências, sem que as divergências nos
imobilizem. Uma revolução dentro da revolução.
Não
há tempo a perder. Os impérios mediáticos re-acomodam-se diariamente, aliam-se,
compram-se entre si, expandem-se... E não poucos operam como armas de guerra
ideológica mercantilista e inumana. A Revolução da Comunicação que Maduro
convoca enfrenta o desafio de aprofundar a crítica do modelo mediático
dominante e assume a tarefa de impulsionar o nascimento da “Nova Ordem Mundial
da Informação e da Comunicação” do século XXI. Isso exige povos em luta com
semiologia, epistemologia e tecnologia emancipadoras. Isso requer “moral e
luzes” revolucionárias onde não se admitam reconciliações nem reformismo. Onde
não se admitam burocracias nem demoras. Uma etapa nova da Pátria Digital
Emancipada, da Revolução do Espírito e a Revolução que aguardam a sua
oportunidade para se concatenarem numa só Revolução mundial e a partir de baixo.
É
claro que a única maneira de evitar que uma tal convocatória não seja mais do
que isso e se torne realidade concreta, é agir de imediato e massivamente. Não
há tempo para regateios nem para especulações. Jogos de sedução para se fazer
desejado implicam irresponsabilidade suprema filha de uma egolatria perversa
que já nos custou derrotas e humilhações ferozes. Estamos fartos dessas manias
de esquerdismo infantil. Esta convocatória de Maduro deve amadurecer liberta de
uma prédica messiânica com o “culto da personalidade” que foi vício de
medíocres. Há-de amadurecer na refrega da luta de classes, na construção social
que, desde as bases, dêem sustento e coerência revolucionária a todos os
episódios e às tarefas que urgem no imediato e no mediato. Não podemos esperar
nem mais um minuto.
Demos
as boas-vindas activas a tal chamada, à sua hierarquia e ao seu valor político
sem retroceder um único passo nas conquistas ganhas, até este momento, por
todos os que lutam honradamente e minuto a minuto para pôr as ferramentas e os
conhecimentos em matéria de Informação e Comunicação ao serviço das tarefas
supremas desta hora: travar as guerras,
salvar o planeta e salvar a humanidade num mundo sem amos, sem escravos, sem
classes sociais e com vozes múltiplas dignas que falem de futuro e felicidade
para todos. Nada menos. Aprovado.
2 comentários:
De acordo
não basta ter razão
São textos como este,que servem para desmontar a política da classe dominante,que me dão esperança que outro mundo é possível.Maduro,tem surpreendido pela positiva.Abraço
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