António Guerreiro
20/01/2017 Público
Nos
grandes momentos da vida nacional, ergue-se o espectáculo da banalidade e do
kitsch até atingir níveis inauditos.
«Foram três ou quatro dias penosos e
castigadores. A ocasião era de luto pela morte de um ex-Presidente da
República, figura maior da nossa história política contemporânea, apto a atrair
todas a venerações e todos os ódios. Mal começávamos a ler um jornal, a passar
os olhos pela televisão ou a escutar as principais estações de rádio, éramos
assaltados por uma torrente de discursos, imagens e vozes que, certamente
cheias de boas intenções e genuínos sentimentos, pareciam olhar-se, com uma
emocionada satisfação, no espelho da sua banalidade enfática. Todo o
dispositivo mimético do kitsch surgia ali, na empatia, na estupidez e
na emoção auto-gratificantes que montaram uma operação de paródia da catarse.»
Sem comentários:
Enviar um comentário