Foram
os reis e os guerreiros os primeiros a serem imortalizados em túmulos ricamente
esculpidos, mais tarde os senhores do conhecimento tomaram-lhes o lugar, hoje, condições
excecionais têm permitido a que indivíduos vindos de extratos sociais
baixíssimos sejam também consagrados como símbolos do povo a que pertencem.
Os méritos
que os guindaram a tão alta dignificação serão sempre discutíveis, não se
ignorando no entanto o aproveitamento político subjacente a tão importantes
decisões, tal como aconteceu com Sá Carneiro que foi um político meteórico, não
deixou qualquer obra relevante e no entanto não se conhecem alarmismos quanto à
designação do seu nome para o aeroporto de Pedras Rubras.
Para
ser mais contundente, direi que a intelectualidade se sente ultrapassada, que
aos poucos os “sábios”, os bem-falantes que até então se têm homenageado entre
si, sentem-se como que humilhados por verem o seu espaço ocupado, mas se questionarem
o povo, se a Amália ou o Eusébio estão deslocados no Panteão, a “ralé” nada terá
a opor, até porque se crê representada. É gente que trabalhou e tem um pouco do
que todos nós somos.
Mesmo
que não queiram, sub-repticiamente tudo está a mudar, aceitem também mais esta
mudança.
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