terça-feira, 29 de agosto de 2017

Os arrivistas


Os arrivistas

Os seres humanos mais insípidos, tornaram possíveis os maiores crimes da história humana. São os arrivistas. Os burocratas. Os cínicos. Realizam as pequenas tarefas que permitem que vastos e complicados sistemas de exploração e morte se convertam em realidade. Recolhem e leem os dados pessoais sobre dezenas de milhões de pessoas para o Estado de segurança e vigilância. Cobram as contas da ExxonMobil, BP e Goldman Sachs. Constroem ou pilotam drones aéreos. Trabalham em publicidade e nas relações públicas corporativas. Emitem formulários. Processam papéis. Negam os cupões de alimentação a alguns e prestações de desemprego ou cobertura médica a outros. Impõem as leis e os regulamentos. E não fazem perguntas. Bom. Mau. Essas palavras não significam nada para eles. Estão acima da moralidade. Existem para que funcionem os sistemas corporativos. Se as companhias de seguros abandonam dezenas de milhões de enfermos para que sofram e morram, que importa. Se os bancos e os oficiais de justiça expulsam famílias de suas casas, que importa. Se as empresas financeiras roubam as poupanças dos cidadãos, que importa. Se o governo fecha escolas e bibliotecas, que importa. Se militares assassinam crianças no Paquistão e Afeganistão, que importa. Se alguns especuladores de produtos básicos aumentam o preço do arroz, do milho e do trigo até serem inacessíveis a centenas de milhões de pobres em todo o planeta, que importa. Servem o sistema. O deus do lucro e da exploração. A força mais perigosa no mundo industrializado não provem dos que albergam credos radicais, seja radicalismo islâmica ou fundamentalismo cristão, mas de legiões de burocratas anónimos que amarinham pelas máquinas corporativas e governamentais. Servem qualquer sistema que satisfaça a sua patética quota de necessidades.
Esses administradores de sistemas, não crêem em nada. Não conhecem a lealdade. Não têm raízes. Os seus pensamentos não vão além dos seus ínfimos e insignificantes papéis. São cegos e surdos. São terrivelmente analfabetos, sem respeito pelas grandes ideias e modelos de civilização e história humanas. E produzimo-los nas universidades. Advogados, tecnocratas, especialistas empresariais. Gerentes de finanças. Especialistas em tecnologia de informação. Consultores. Engenheiros da indústria petrolífera. “Psicólogos positivos”. Especialistas em comunicações. Cadetes. Vendedores. Programadores. Homens e mulheres que não sabem de história, que não sabem de ideias. Vivem e pensam no vazio intelectual, um mundo de minudências embrutecedoras. São “os homens ocos” de T. S. Eliot, “os homens sem conteúdo”, “figuras sem forma, sombras sem cor”, escreveu o poeta.
“Força paralisada e sem movimento”.

1 comentário:

Olinda disse...

Estes administradores do sistema só crêem no deus dinheiro!E são pagos,conforme a sua inteligencia.Abraço