quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Dupond & Dupont




A encenação vem sendo preparada desde há muito e a publicidade saturante. Que era hoje o espetáculo, não vi! O mau teatro dá-me sono. Não estive na disposição de ver dois iguais darem piruetas para fazerem crer que nem sequer são parecidos. Mesmo que se tivessem agatanhado ou afirmado que um era PPD e o outro PSD, adormeceria de tédio.

Prefiro Robertos, os da barraquinha às costas feita com lençóis e quatro canas de bambu, põem verdade no que fazem.

TOMA TOMA TOMA

Ainda prefiro os bonecos de cachaporra,
contundentes, contundidos, esmocados,
com vozes de cana rachada e um toma toma toma
de quem não usa a moca para coçar os piolhos,
mas para rachar as cabeças.

O padreca, o diabo, a criadita,
o tarata, a velha alcoviteira, o galã
e, às vezes, um verdadeiro rato branco trapezista,
tramavam para nós a estafada estória
da nossa própria vida.

Mundo de pasta e de trapo
que armava barraca em qualquer canto
e sem contemplações pela moral de classe
nem as subtilezas de quem fica ileso
desancava os maus e beijocava os bons.

Ainda prefiro os bonecos de cachaporra.

Ainda hoje esbracejo e me esganiço como esses
matraquilhos da comédia humana.

Alexandre O’Neill



1 comentário:

Pata Negra disse...

Ah! Mas eu vi! E sabes o que tenho a dizer?!
- Nada!
Um abraço e fizeste bem... bons sonhos