sábado, 23 de março de 2019

Privatizações, a alma do neoliberalismo


 Por Miguel Ángel Ferrer

Privatizações, a alma do neoliberalismo

No transcurso dos últimos 36 anos (1982-2018) passaram a ser propriedade privada muitas empresas, industriais e recursos produtivos que era propriedade pública, social ou cooperativa. A lista é enorme: minas telefones, terras, portos, aeroportos, sistemas de pensões, estradas, siderurgia, banca, caminhos-de-ferro.

Pode afirmar-se que, durante este período, foi privatizada uma extensa e substantiva proporção de infraestruturas económicas do país. Este processo de apropriação privada da riqueza pública é conhecido universalmente como política económica neoliberal.

É certo que existem outras medidas económicas que fazem parte da teoria e da prática neoliberal, como a desregulação e o estímulo ao livre comércio ou uma menor ou nula intervenção do Estado na economia. Mas, sem dúvida, a característica essencial do neoliberalismo é a conversão da propriedade pública, estatal ou social em propriedade privada.

No México esta característica essencial do neoliberalismo deixou de existir desde 1 de dezembro de 2018. Por isso que a declaração do presidente López Obrador (AMLO) sobre a morte do neoliberalismo no México se ajusta plenamente à realidade. O silogismo está em: se não houver mais privatizações, não haverá mais neoliberalismo.

Ter posto fim às privatizações foi o primeiro passo nesta revolução anti neoliberal encarnada pelo obradorismo. Mas, no mesmo sentido anti neoliberal, vão avançando outras medidas, tais como o resgate e fortalecimento das duas grandes e emblemáticas empresas estatais Petróleos Mexicanos (PEMEX) e Comisón Federal de Electricidad (CFE).

Na mesma direção anti neoliberal, está-se trabalhando no resgate e fortalecimento do Instituto Mexicano do Seguro Social (IMSS) e o ISSSTE, abandonados e arruinados pelas políticas neoliberais que pretendiam privatizar o sistema de saúde pública e que em certa medida o conseguiram.

Não vai ser fácil, é claro, reverter as nefastas consequências de quase quatro décadas de políticas privatizadoras da propriedade pública, como é evidente e constatável no empobrecimento popular nestes quatro decénios.

Mas não é impossível. É como já se está vendo, o fim da apropriação privada da riqueza pública é o caminho para travar e reverter esse empobrecimento, essa deterioração do nível e qualidade de vida da imensa maioria dos mexicanos.

2 comentários:

Olinda disse...

Saiba o povo mexicano defender com garra essas medidas anti-neoliberais,porque a oligarquia interna e os gringos jamais as aceitarão.Vão dar luta!Abraço

Monteiro disse...

Era muito bom que o México viesse trazer alguma esperança de justiça a este continente tão conturbado.