sábado, 6 de fevereiro de 2021

1. Guerra informacional.

 


1.   Guerra informacional.

 

Em 1989, William Lind, um autor que ajudou a desenvolver a teoria da guerra de quarta geração (um sinónimo para guerras híbridas), escreveu que "as notícias de televisão podem tornar-se uma arma operacional mais poderosa que as divisões blindadas".

Controlar informações e definir pessoas e eventos molda a maneira como os conflitos são entendidos. O controlo sobre o enredo é essencial, mas esse controlo não pode ser visto como propaganda nua e crua. A narrativa é tão cuidadosamente definida que tudo o que vem de um "Estado pária" é interpretado como falso, e o que os EUA e seus aliados dizem é visto como verdadeiro. Mesmo que sejam feitas declarações falsas – como a de que o Iraque tinha armas de destruição em massa –, elas são consideradas erros e não mentiras.

Ideias racistas profundamente arraigadas são mobilizadas para construir certos líderes como ditadores – ou mesmo como genocidas – enquanto os líderes ocidentais que enviam bombardeiros para aniquilar cidades são vendidos como humanitários. Esse exercício básico de branding de líderes políticos é característico do poder da guerra de informação. Os Estados Unidos podem ser responsáveis por mais de um milhão de mortos no Iraque, mas sempre será Saddam Hussein – e não George W. Bush – quem será visto como um criminoso de guerra e, portanto, merecedor de seu terrível destino. Os muçulmanos são sempre terroristas, os russos sempre mafiosos ou espiões, e o Estado considerado um adversário não é mais liderado por um governo, mas por um "regime". Reivindicações descontroladamente desequilibradas sobre violações dos direitos humanos tornam-se uma ferramenta central para deslegitimar dissidentes, seja por Estados seja por movimentos populares. Há uma "porta giratória" entre a Human Rights Watch, uma organização criada por atores dos EUA durante a Guerra Fria, e funcionários de política externa do governo dos EUA.

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