1. Guerra informacional.
Em 1989, William Lind, um autor que ajudou a desenvolver a teoria da guerra de quarta geração (um sinónimo para guerras híbridas), escreveu que "as notícias de televisão podem tornar-se uma arma operacional mais poderosa que as divisões blindadas".
Controlar informações e definir
pessoas e eventos molda a maneira como os conflitos são entendidos. O controlo
sobre o enredo é essencial, mas esse controlo não pode ser visto como
propaganda nua e crua. A narrativa é tão cuidadosamente definida que tudo o que
vem de um "Estado pária" é interpretado como falso, e o que os EUA e
seus aliados dizem é visto como verdadeiro. Mesmo que sejam feitas declarações
falsas – como a de que o Iraque tinha armas de destruição em massa –, elas são
consideradas erros e não mentiras.
Ideias racistas profundamente arraigadas são mobilizadas para construir certos
líderes como ditadores – ou mesmo como genocidas – enquanto os líderes
ocidentais que enviam bombardeiros para aniquilar cidades são vendidos como
humanitários. Esse exercício básico de branding de líderes políticos é
característico do poder da guerra de informação. Os Estados Unidos podem ser
responsáveis por mais de um milhão de mortos no Iraque, mas sempre será Saddam
Hussein – e não George W. Bush – quem será visto como um criminoso de guerra e,
portanto, merecedor de seu terrível destino. Os muçulmanos são sempre
terroristas, os russos sempre mafiosos ou espiões, e o Estado considerado um
adversário não é mais liderado por um governo, mas por um "regime".
Reivindicações descontroladamente desequilibradas sobre violações dos direitos
humanos tornam-se uma ferramenta central para deslegitimar dissidentes, seja
por Estados seja por movimentos populares. Há uma "porta giratória"
entre a Human Rights Watch, uma organização criada por atores dos EUA durante a
Guerra Fria, e funcionários de política externa do governo dos EUA.
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