sábado, 13 de fevereiro de 2021

Um livro ao domingo

Este livro não é só a correspondência comum entre dois dos nossos intelectuais de referência; é a amizade como substância, a exaltação do outro e a entreajuda efetiva na crítica assertiva e logo agradecida; é um recado à intelectualidade que se digladia e não se respeita, a imagem perfeita de nobres sentimentos que se não podem perder.

 

CARTA 45

MÁRIO DIONÍSIO

Meu caro Joaquim

Acabo de receber o último número de “Vértice” e de ler as palavras que me dedicaste a propósito da atribuição do Prémio. Calculas como elas me agradaram e comoveram. Só receio que nelas possa ter pesado, mais do que o rigor do crítico, o entusiasmo do amigo velho e firme que sempre tens sido.

Seja como for, obrigado e obrigado!

Um grande abraço do teu amigo, igualmente velho e firme.

Mário

Fev. 64

CARTA 40

 

Meu caro Mário

“Estás enganado, não me senti ofendido com a tua primeira carta – não ofende um verdadeiro amigo aquele que lhe põe claramente as suas dúvidas. O que me poderia ofender seria não as pores e deixares que, dentro de ti, elas corroessem a nossa amizade. Assim não sucedeu e espero que nunca suceda.”

Um grande abraço do teu amigo certo

Joaquim

Coimbra 1-1-55

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