sábado, 30 de julho de 2022

Companheiro Vasco

 

Não é uma estátua, não é um busto, é um monumento

Manuel Begonha, comandante

  • Público 30 Jul 2022
  • Mariana Tiago

A associação Conquistas da Revolução (ACR) foi a uma reunião da Câmara de Lisboa manifestar o desejo de assinalar com um monumento o centenário do nascimento de Vasco Gonçalves, o militar de Abril que se opôs ao regime de Salazar e que foi primeiro-ministro de quatro governos provisórios. “Será sempre uma honra continuar a homenagear Vasco Gonçalves. Trabalharemos convosco um bocadinho mais na definição desse monumento. Não sei exactamente o que seria, se uma estátua, se um busto”, respondeu Carlos Moedas, gerando críticas do CDS e da IL. Manuel Begonha, o dirigente da ACR que apresentou a proposta, explicou ao PÚBLICO que a associação só queria pedir uma reunião.

O que pretendem com esta homenagem e porquê agora?

Achamos que o general Vasco Gonçalves — uma pessoa que muito admiramos — estava a ser passado para um esquecimento com o qual não concordamos. Entretanto, este ano é o centenário do seu nascimento. E nós resolvemos, neste contexto, desenvolver um conjunto de iniciativas. Para tal, constituímos uma comissão de honra que decidiu fazer uma homenagem através de um monumento. Há tempos, fizemos uma outra (demos o seu nome a uma rua). Mas faltava fazer o monumento.

Qual foi o objectivo da intervenção na reunião?

A ACR começou por enviar um e-mail à presidência da câmara, em Fevereiro, a pedir uma reunião. Não foi respondido. Fizemos uma segunda tentativa por carta e também não resultou. Fizemos uma terceira tentativa [em Abril] e aí a comissão decidiu que iríamos à reunião de câmara apresentar uma reclamação pelo facto de não nos darem sequer resposta. Eu fiz a minha intervenção baseada num breve relato daquilo que tinha sido a nossa actividade, focando a questão da não-resposta. Não queríamos apresentar a proposta. Só queremos ser ouvidos.

Já definiram algum plano no que toca à homenagem?

Não. Nós achávamos que, no âmbito do centenário, uma das coisas que devíamos conseguir fazer era um monumento a um homem que nós admiramos. Mas há um conjunto de pormenores que só o senhor presidente e os seus assessores nos podem dar. Há muitas coisas que têm de se “negociar”. Há pormenores que não eram para ser discutidos ali e que geraram esta confusão.

Que compromisso assumiu Carlos Moedas?

É preciso ouvir com atenção aquilo que ele disse. Está a levantar-se uma polémica muito grande. Depois de eu falar, o presidente indicou-me o assessor dele, Afonso Costa. Falei com ele e disse-lhe claramente: “A bola está do vosso lado, ficamos à espera”. E deu-me um cartão.

A construção de uma estátua iria ao encontro do desejo da ACR?

O que nós queremos é que seja autorizada a construção de um monumento. Já que o arquitecto Siza Vieira também faz parte da comissão de honra, falámos com ele, que se prontificou a fazer um monumento. Não é uma estátua, não é um busto, é um monumento! Tem um carácter um bocadinho diferente, apela mais à imaginação. Siza Vieira tem a sua criatividade, e não vamos interferir.

Como é que a ACR viu a polémica gerada?

Nós não queríamos gerar polémica. É natural que muitas pessoas não gostem de Vasco Gonçalves, que é uma figura controversa. A direita em Portugal não gostava do general. Portanto, é natural que, perante uma coisa destas, fiquem nervosos. Estamos à espera que nos chamem para sermos ouvidos.

 

1 comentário:

Olinda disse...

Quando a resposta não é pronta,cria-se um espaço de tempo,que irá dar azo a desgaste,de um lado,e pressão negativa do outro.O soldado de Abril,merece o seu reconhecimento.Vasco Gonçalves,não suportava "politiqueiros",e estes têm muita importância neste país de Abril.Abraço.