Ao assinalar o 76º aniversário da Nakba de 1948, e enquanto decorre
uma nova Nakba almejando completar a limpeza étnica iniciada há mais de
três quartos de século, o MPPM exige que se ponha fim à barbárie
israelita e se salde a dívida internacional para com o povo palestino.
Todos os anos assinala-se a 15 de Maio o Dia da Nakba, da Catástrofe, da
limpeza étnica do povo palestino que, seguindo um plano que começou a ser
concretizado antes ainda dessa data, se intensificou a partir da criação,
em 1948, do Estado de Israel. Nas semanas e meses seguintes, o terror
sionista expulsou cerca de 800 000 palestinos das suas casas, das suas
aldeias, dos seus bairros e das suas terras.
Muitos dos sobreviventes da Catástrofe de 1948 passaram as suas vidas nos
campos de refugiados, no território da Palestina que não chegou então a
ser ocupado, nos países vizinhos ou na diáspora. Muitos outros viriam a
ser, nas décadas seguintes, novamente vítimas da violência e do terror
israelita e dos processos de expulsão sistemática do povo palestino que
marcaram sempre a existência do Estado
Setenta e seis anos volvidos da Nakba de 1948, uma nova Nakba abate-se
sobre o povo palestino. O genocídio que desde há sete meses Israel
desencadeou na Faixa de Gaza não tem paralelo, nem com a Catástrofe de 1948.
São mais de 35 mil mortos, quase 80 mil feridos, na sua maioria mulheres
e crianças. A maioria do parque habitacional de Gaza foi reduzido a
escombros e há cerca de 1,7 milhões de desalojados, 75% da
população.
Tudo se tornou um alvo da sanha israelita: hospitais e os seus pacientes
e equipas médicas; ambulâncias e equipas de socorro; escolas e os seus
alunos; centros e colunas de refugiados; os funcionários das agências
humanitárias; os jornalistas que relatam a realidade no tereno; as
instituições da ONU, como a UNRWA, que são a última linha de esperança
para os muitos que tudo perderam; as mesquitas e igrejas.
É a barbárie à solta. Como se estes crimes não bastassem, eis que a fome
está a ser usada por Israel como arma de guerra, privando os habitantes
da Faixa de Gaza do acesso à ajuda humanitária. E, num acto de barbárie
inaudita, atacando e matando os que procuram essa ajuda alimentar, bem
como aqueles que a distribuem. A chacina na Faixa de Gaza é
acompanhada por uma violência terrorista de militares e colonos
israelitas na Cisjordânia.
É evidente o objectivo da Nakba actualmente em curso: completar a
expulsão dos palestinos da totalidade da sua terra histórica, negar-lhes
o inalienável direito a ter um Estado na sua própria terra. Uma limpeza
étnica, diga-se, promovida com a participação e cumplicidade dos Estados
Unidos da América e das potências europeias.
A este propósito, as declarações recentes do Ministro dos Negócios
Estrangeiros sobre o massacre em curso em Gaza são particularmente graves.
Ao invés da compreensão então manifestada em relação a Israel, exigia-se
do Governo português uma posição de condenação firme daquela acção
criminosa, que devia ser acompanhada pelo fim da cooperação militar com
Israel e do reconhecimento do Estado da Palestina, conforme resolução
aprovada na Assembleia da República.
Mas os crimes sem limites de Israel, o seu total desrespeito – não apenas
por todas as normas do Direito Internacional, mas pelas mais elementares
normas de conduta humana – estão a ter o efeito contrário ao pretendido.
A determinação e resistência do povo palestino assumem proporções
heróicas, que ficarão para a História. A solidariedade dos povos com o
povo palestino atinge dimensões sem precedentes.
No imediato, é urgente impor o cessar-fogo permanente. É urgente impor o
livre acesso de toda a ajuda humanitária à Faixa de Gaza. É urgente
obrigar à retirada israelita de todos os territórios ocupados. É
inadiável obrigar a que, de uma vez por todas, se cumpram as muitas
promessas – sempre traídas – de reconhecimento dos direitos nacionais do
povo palestino.
A Nakba de 2023-2024 tem de ser um ponto de viragem na história da
Questão Palestina.
15 de Maio de 2024
A Direcção Nacional do MPPM
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1 comentário:
Não se pode parar a solidariedade mundial contra os crimes monstruosos do sionismo e a sua denuncia. O sofrimento do povo mártir palestino dá-nos uma imagem da desumanidade deste século.Abraço
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