27 Maio 2024
O presidente mexicano considerou
que é hora de "definições" que possam impedir a ascensão do
conservadorismo e o colapso do Estado de bem-estar social.
Presidente mexicano Andrés Manuel
López Obrador
O presidente do México, Andrés
Manuel López Obrador, fez um raio-X da política na Europa, a respeito das
próximas eleições para o
Parlamento Europeu, para listar os erros que permitiram a ascensão do
pensamento conservador e pedir "definições" para a esquerda.
"Acho que as forças
progressistas na Europa têm uma grande oportunidade, porque os conservadores
precisavam tirar as máscaras. Falo de conservadores e é preciso entender:
direita, em geral, porque não acredito na extrema-direita", disse o presidente em sua habitual
entrevista coletiva matinal.
Na sua opinião, a extrema-direita é, na verdade, apenas a expressão mais franca da direita, que acusou de querer ficar estagnada em países como Espanha, "com pensamento franquista".
No entanto, seus maiores dardos foram contra a
"simulação" da esquerda europeia que, em sua opinião, permitiu o
recuo do estado de bem-estar social que o continente havia alcançado após a
Segunda Guerra Mundial.
Nessa esquerda, disse López Obrador, "começaram
a discutir e permitir que [o Estado de bem-estar social] desaparecesse, quando
era o que dava segurança aos cidadãos". A consequência direta dessa
posição, segundo o presidente mexicano, tem sido a falta de definições e
âncoras com as classes populares.
"Optaram muito pela moderação
e o moderado nada mais é do que um conservador mais desperto, é um
fingidor", criticou após lembrar que, há alguns anos, essa ambiguidade
tentou se vender como exemplo para a esquerda latino-americana, especialmente
no México.
Nesse sentido, lembrou: "Ouvimos, porque somos respeitosos, mas sabíamos que isso não ia ter bons resultados, como aconteceu". A tese do presidente é que o fortalecimento da direita mais conservadora da Europa é consequência da morosidade da esquerda.
No entanto, estimou que para as
próximas eleições há uma oportunidade de voltar às definições dentro dos
espectros políticos, "onde não haverá meias medidas", uma vez que a
direita está cada vez mais franca com o seu projeto e a esquerda tem de
responder em conformidade.
"Vai ficar muito claro: você vai ser a favor do
povo, dos trabalhadores, das causas justas, ou vai ser a favor da oligarquia,
dos corruptos, dos autoritários", disse, após afirmar que há "um
despertar" nas forças progressistas.
Não há alternativa
Embora tenha evitado pronunciar abertamente suas
antipatias, em linha com a política externa mexicana de não interferência,
López Obrador desejou que "as coisas corram bem" para setores
progressistas na Europa.
A razão, segundo a sua visão, é
simples: "Caso contrário, não há saída para a Europa porque
a política conservadora não é uma alternativa e quando se está em declínio,
basta lutar por uma transformação, por uma mudança real. Não se pode
colocar vinho novo em garrafas velhas, é preciso mudar e ter muita
confiança nas pessoas, é preciso olhar para as pessoas", frisou.
1 comentário:
Uma opinião bem formada, concordo com Obrador, excepto do "despertar das forças progressistas. Abraço.
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