[19 de Janeiro de 1923 -- 13 de Junho de 2005]
Eugénio de Andrade
Soubesse eu poetizar como tu e pediria a
todas as musas que me ajudassem
na feitura do poema que mereces e nunca saberei construir.
Só te posso oferecer a gratidão que sinto pela beleza que nos doaste.
A grandeza da homenagem por ti prestada a um herói eleva ainda mais a tua já enorme estatura.
O Comum da Terra
(a Vasco Gonçalves)
Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem
vento areias mastros lábios, tudo ardia.
14 de Maio de 1976
(a Vasco Gonçalves)
Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem
vento areias mastros lábios, tudo ardia.
14 de Maio de 1976
EUGÉNIO DE ANDRADE
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