terça-feira, 24 de julho de 2012

O SISTEMA – o individualismo e o seu contrário.


Afirma-se e comprova-se queo sistema” gera e promove o individualismo. A competitividade, a produtividade forçada conduzem ao salve-se quem puder que afasta das nossas preocupações, tudo e todos os que nos rodeiam.

Nos locais de trabalho, a insegurança promove a rivalidade, provocando atitudes desprezíveis entre assalariados. Porque os melhores classificados podem hipoteticamente conseguir emprego, na escola a entreajuda dá lugar ao escamotear de informações que resultam em dificuldades para os colegas de curso.

A ideologia dominante dissemina, pelos meios mais bárbaros ou sofisticados, a sacralização do individualismo. Dos desenhos animados, às longas-metragens, assim como em todas as manifestações culturais onde o sistema impere, exalta-se o herói.

Nos mídia a enxurrada de individualismo submerge o esforço colectivo.
Às manifestações, sejam pequenas ou de grande vulto, quebram-lhes o impacto com imagens ou discursos que distorcem o seu significado.

Os cronistas ou fazedores de opinião, a soldo do sistema, alinham sempre pelo mesmo diapasão, desvalorizando qualquer iniciativa organizada em defesa das populações, sendo loquazes sempre que aquele operário, entre os milhares de despedidos, entrou no reino dos empresários.

A sociedade é um todo e o individualismo estiola quando lhe falta o húmus social, assim como a própria sociedade se fragiliza ao se fragmentar no individualismo.

É do próprio sistema que impõe o individualismo, que surge o altruísmo, a solidariedade e a fraternidade, de onde nasce a liberdade colectiva que não é possível sem liberdade individual.

Por todo o país, os cidadãos serram fileiras, a vida impõe essa necessidade, não o fazem por opção ideológica, essa poderá vir depois, agrupam-se por necessidades objectivas, tais como a salvaguarda de direitos duramente conquistados e que aos poucos ou abruptamente lhos sonegam porque o sistema assim o exige.

Unem-se porque o sistema fomenta o desemprego para criar o exército de reserva sem o qual o sistema não consegue baixar o valor trabalho.

Nos lugares mais recônditos do país, as populações saem à rua para impedir o fecho dos Centros de Saúde ou insurgindo-se contra as portagens, o encerramento de tribunais e escolas.

Viver em sociedade é comungar com os outros, sentir que a sociedade é o nosso berço e o individualismo a nossa campa.

Profissionais até então elitistas, hoje assalariados, feridos no seu orgulho de classe, rebelam-se e, lado a lado com trabalhadores menos qualificados, protestam. Jovens, filhos de gente abastada e promotoras do individualismo, sentem-se frustrados por não conseguirem o estatudo dos seus progenitores e manifestam-se conjuntamente com o filho do operário desempregado.

O individualismo é incompatível com a convivência social, é excrescência gerada nas sociedades económica e moralmente afectadas.

3 comentários:

trepadeira disse...

Mais um excelente texto.

Como diz o povo-"a roda tanto anda até que desanda".

Já começou a desandar,há que empurrá-la.

Um abraço,
mário

Graciete Rietsch disse...

O individualismo é inimigo da solidariedade, mas pode gerá-la quando o indivíduo se sente frustrado. Mas esse é um sentimento um pouco egoista. Ser solidário deve ser uma premissa de vida e que está bem explícita no ideal comunista.

Um beijo.

Pata Negra disse...

Excelente reflexão. Somos iguais aos outros mas todos juntos somos os melhores
Um abraço a fazer-me lembrar alguém