Afirma-se e comprova-se que “o sistema” gera e
promove o individualismo. A
competitividade, a produtividade forçada conduzem ao
salve-se quem puder que afasta das
nossas preocupações, tudo e todos os que nos rodeiam.
Nos locais de trabalho, a insegurança promove a rivalidade, provocando
atitudes desprezíveis entre assalariados. Porque os melhores classificados podem
hipoteticamente conseguir emprego, na escola a
entreajuda dá lugar ao escamotear de informações que resultam em dificuldades para os colegas de curso.
A ideologia dominante dissemina, pelos meios mais bárbaros ou
sofisticados, a sacralização do individualismo. Dos desenhos animados, às
longas-metragens, assim como em todas as manifestações culturais onde o sistema impere,
exalta-se o herói.
Nos mídia a enxurrada de individualismo submerge o esforço colectivo.
Às manifestações, sejam pequenas ou de grande vulto,
quebram-lhes o impacto com imagens ou discursos que distorcem o
seu significado.
Os cronistas ou fazedores de opinião, a soldo do sistema, alinham sempre pelo mesmo diapasão,
desvalorizando qualquer iniciativa organizada em defesa das populações, sendo loquazes sempre que aquele operário, entre os milhares de
despedidos, entrou no reino dos empresários.
A sociedade é um todo e o individualismo estiola quando lhe falta o húmus social, assim como a própria sociedade se
fragiliza ao se fragmentar no individualismo.
É do próprio sistema que impõe o individualismo, que surge o altruísmo, a solidariedade e a fraternidade, de onde nasce a liberdade colectiva que não é possível sem liberdade individual.
Por todo o país, os cidadãos serram
fileiras, a vida impõe essa necessidade, não o fazem por opção ideológica,
essa poderá vir depois, agrupam-se
por necessidades objectivas,
tais como a salvaguarda de direitos duramente
conquistados e que aos poucos ou abruptamente lhos
sonegam porque o sistema assim o exige.
Unem-se porque o sistema fomenta o
desemprego para criar o exército de reserva sem o qual o sistema não consegue baixar o valor trabalho.
Nos lugares mais recônditos do país, as populações saem à rua para impedir o fecho dos Centros de Saúde ou
insurgindo-se contra as portagens, o encerramento de tribunais e escolas.
Viver em sociedade é comungar com os outros, sentir que a sociedade é o nosso berço e o individualismo a nossa campa.
Profissionais até então elitistas, hoje assalariados, feridos no
seu orgulho de classe, rebelam-se
e, lado a lado com trabalhadores menos qualificados,
protestam. Jovens, filhos de gente abastada e
promotoras do individualismo, sentem-se
frustrados por não conseguirem
o estatudo dos seus progenitores e
manifestam-se conjuntamente com o filho do operário
desempregado.
O individualismo é incompatível com a convivência social, é excrescência gerada nas sociedades económica e
moralmente afectadas.
3 comentários:
Mais um excelente texto.
Como diz o povo-"a roda tanto anda até que desanda".
Já começou a desandar,há que empurrá-la.
Um abraço,
mário
O individualismo é inimigo da solidariedade, mas pode gerá-la quando o indivíduo se sente frustrado. Mas esse é um sentimento um pouco egoista. Ser solidário deve ser uma premissa de vida e que está bem explícita no ideal comunista.
Um beijo.
Excelente reflexão. Somos iguais aos outros mas todos juntos somos os melhores
Um abraço a fazer-me lembrar alguém
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