terça-feira, 14 de agosto de 2012

A OPINIÃO – Uma voz democrática


Creio que era a única publicação do Norte que ia à censura a Lisboa. Mas não desistíamos, e quando pelo menos se salvava o título, fazia-se dele uma bandeira. Foi o caso.

Dois meses passados, quando o povo saiu à rua, concluíamos que era o medo que guardava o fascismo.
(escrito em 11/2/74 e publicado em 2/3/74, procurava alertar para a exploração da imigração em França.)

Quando olhamos para trás e aferimos a nossa coerência e dela nos orgulhamos é, não salutar como compensador. Nunca exigimos outro pagamento.

Como assinalado em baixo, a primeira página foi cortada em quase 50%.

O 1º corte (não esquecendo que estamos em Fevereiro de 1974)

«Provocar desemprego para tentar disciplinar a seu proveito a classe operária é uma das velhas tácticas do patronato, que lhe tem valido muitos benefícios e também alguns dissabores. Ele sabe no entanto que é muito perigoso ir para além dos limites que possam por em causa a sua própria segurança e que todas as precauções são poucas.»

corte

«Quando uma “crise” se avizinha e por razões estratégicas há todo o interesse em a acelerar, o espectro do desemprego é a melhor arma, a mais eficaz quando bem manejada, para amedrontar a classe trabalhadora de baixa formação político-ideológica. Na crise que vem de há muito corroendo o capitalismo, podem fomentar-se crises de percurso, para ganhar terreno na maioria das vezes perdido face a trabalhadores decididos e conscientes. Estas crises de percurso, dizíamos, não são mais do que um contra-ataque dos detentores dos meios de produção contra a classe operária, espalhando por algum tempo o pânico entre os vendedores da força de trabalho fazendo-os entrar em concorrência entre si. Uma forma indirecta de não bloquear, mas mais do que isso, baixar os salários, aproveitando-se destes momentos de “crisepara acelerar a inflação e, consequentemente, a especulação

Hoje os jornais não vão à censura, são censurados na redacção pelos patrões dos anteriores censores.

3 comentários:

trepadeira disse...

Muito bem lembrado,estamos a caminhar para um nazismo disfarçado,ou já nem isso.

Lembrar para alertar,para não esquecer,para os não deixar voltar.

Um abraço,
mário

Graciete Rietsch disse...

Eu estive na homenagem a Óscar Lopes, mesmo nas vésperas do nosso glorioso 25 de ABRIL.
Foi lindo e sentia-se já o afrouxamento do medo. Aliás essa sensação já a tive em 5 de Outubro de 1973.
Mas hoje "o medo volta para guardar a vinha!!!!".
Por falar em Óscar Lopes penso que ele bem merecia uma homenagem, enquanto está por cá!!!!! Foi, é, um homem extraordinário.

Um beijo.

José Igreja disse...

É pena que poucos se lembrem desses tempos.