Quem havéra de dizer!... Um moçoilo de semblante tão mimoso ter virado um durão. Cá para mim esta metamorfose só se poderia ter dado devido às más companhias ou com a vinda da troika,
de tanto se vergar doerem-lhe
as cruzes.
Se tivesse optado
pela carreira eclesiástica, podia também ter chegado a ministro de outra congregação,
continuando a ser o mesmo traste, exigindo
resignação para iguais sacrifícios, mas com outra postura e ladainha de embalar. Não gosto de o ver assim, e, um destes dias, vou escrever ao pai que é médico, e até já escreveu um livro, para lhe desafivelar aquele ar maldoso. Não gosto de o ver assim, prontos! Desde que arranjou este emprego nunca mais o vi sorrir, nem mesmo quando tem muitos trabalhadores à sua espera com bandeiras pretas e
vermelhas, megafones, punho erguido e slogans de enternecer. Uma festa! Está visto que o homem não gosta de festas ao ar livre, ao ponto de ter transladado
a festinha do Pontal para um salão onde couberam todos. Aparece sempre com guarda-costas, sem guarda-chuvas, atento como um
guarda-redes e desconfiado como um
guarda-republicano ou um marido a abrir o guarda-roupa. É certo que com o séquito ministerial que lhe impingiram não pode andar com outra cara, por esse lado até lhe perdoo a fachada fechada que apresenta.
Não é vulgar ver um malfeitor a sorrir.
2 comentários:
O rapazola ainda acaba mal,diz lá isso ao papá.
Um abraço,
mário
É mesmo um malfeitor!!!!
Um beijo.
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