Não é correcto considerar que a linha revolucionária é
um ponto intermédio entre o esquerdismo e o reformismo.
O esquerdismo caracteriza-se pela
inconsequência e a desorganização no uso de formas violentas de luta e
reivindicações desajustadas ao grau de consciência das massas que, deliberada
ou inconscientemente, acaba por dar armas ao capital. O reformismo arma também
o capital, mas na medida em que prende as massas nas formas legais de luta,
jogo esse que os trabalhadores nunca poderão ganhar: a democracia burguesa*.
Ora, se é princípio leninista explorar todas as formas de luta, não se rejeitam
as formas legais, nem se abandonam as ilegais.
O que leva um comunista a defender
tal ou tal forma de luta? Para isto, é importante fazer a análise concreta da
situação concreta, entendendo, em cada momento, se estão reunidas as condições
para determinada acção. E – ponto fundamental – quando determinada
circunstância histórica exige determinadas formas de luta, compete aos
comunistas organizar as massas de forma a serem capazes de as desenvolver. A
rejeição deste trabalho organizativo para as acções necessárias e não
para as acções possíveis é uma capitulação.
Um comunista não pode virar as
costas ao seu papel histórico de organizar as massas para todas as formas de
luta pois se o fizer, deixa de ser comunista. O esquerdismo e o reformismo são
duas faces da mesma moeda: a sobrevalorização de determinada frente de luta,
seja a institucional, seja a ilegal. A solução é escolher a forma adequada em
cada conjuntura – não é utilizar uma táctica de meio termo entre ambas. Isso,
em termos marxistas, chama-se centrismo.
Na actual conjuntura, a decisão
sobre o caminho a seguir é uma tarefa de grande responsabilidade. A dimensão da
investida do capital exige um Partido que esteja à altura não apenas daquilo
que já foi, do que é, mas do que virá a ser. Ou seja, se por um lado os
comunistas têm de defender e reforçar as conquistas de Abril, por outro lado
têm que assumir o seu papel de vanguarda dirigindo as massas na ruptura com o
capitalismo, tendo como objectivo a revolução socialista. Só assim estarão à
altura dos que tombaram nas prisões fascistas, que foram torturados e forçados
ao exílio.
A opção que os comunistas tomam
nunca poderá ser o centrismo, o reformismo ou o esquerdismo: é a linha
revolucionária na preparação das massas para a tomada do poder, a destruição do
estado burguês e a construção de um novo estado, o do proletariado utilizando
todas formas de luta que as diferentes conjunturas exigem.
*A democracia burguesa é na
verdade a ditadura do grande capital onde uma classe exerce a sua dominação
sobre a outra. “No mais democrático Estado burguês,
as massas oprimidas deparam a cada passo com a contradição flagrante entre a
igualdade formal, que a «democracia» dos capitalistas proclama, e os milhares
de limitações e subterfúgios reais que fazem dos proletários escravos
assalariados. É precisamente esta contradição que abre os olhos às massas para
a podridão, a falsidade e a hipocrisia do capitalismo” (Lenine 1918). É
precisamente esta contradição que os comunistas denunciam a todo o momento
perante as massas a fim de as preparar para a revolução.
Via: Cravo de Abril http://ift.tt/1nSv841
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