«Na
terra dos pêndulos ronceiros. Onde os dias são todos iguais, nem há estações do
ano, só crises de chuva aguda seguida de secas prolongadas, o tempo passa, mas
ninguém nota. Os quotidianos monocromáticos não se distinguem uns dos outros, o
dia que foi o de ontem pode ter sido também o da semana passada ou ser o de
amanhã, parecem sempre os mesmos, lânguidos e amolecidos pelo calor e o pó
amarelo, nada pula nem avança. E o fuso que tece todas as linhas horárias
enleia-se numa cronologia que só desconta, não acrescenta.»
(Primeiro
parágrafo do capitulo 18, pág. 221 de “Que Importa a Fúria do Mar de Ana
Margarida de Carvalho)
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