Quando
se deitava tossia, espirrava, coçava-se, não conseguia dormir.
O
médico disse-lhe que deviam ser ácaros alojados no colchão.
O
homem ficou apreensivo: russos, doutor?
Certamente que não, foi a resposta seca.
Se
não eram russos só podia ser o PCP que os espalhava, e o médico pelo modo como
lhe respondeu, devia ser comuna. Já não se pode confiar em ninguém, concluiu
entre dois espirros.
O
pobre homem era injetado diariamente pelas televisões:
“Trump acredita que hackers russos possam ter atacado os EUA” “EUA suspeitam que hackers russos tenham plantado as notícias falsas que originaram crise no Golfo Pérsico” “'Hackers' russos acusados de piratear agência notícias do Qatar e causar crise no Golfo” “FBI acusa hackers russos de criarem crise com o Qatar” “Ataques informáticos à campanha de Macron terão sido obra de hackers russos” “Hackers russos invadem Pentágono usando apenas um link no Twitter” “Hackers russos ameaçam Beyoncé com vídeo íntimo” “Malware de hackers russos é achado em central elétrica de Vermont, EUA” “Hackers russos usaram o Twitter para atacar funcionários do Pentágono “ “Hackers russos invadem dois bancos de dados estatais de eleitores ...”
Queimou o colchão e veio-lhe à memória os
tempos em que incendiava os Centros de Trabalho do PCP, recordando Mário Soares
que os elogiou dizendo que o exemplo devia ser seguido em todo o país. Foi o
mais infecioso ácaro da contra revolução.
1 comentário:
A russofobia é um resquício do passado,sem dúvida,um trauma para os EUA.Abraço
Enviar um comentário