terça-feira, 6 de março de 2012

Guerra de audiências e biotempo

“Se me deixarem assumir o controlo dos jornais, da rádio, da indústria do cinema e talvez de mais meios de difusão cultural, garanto-lhe que em poucos anos faço das pessoas canibais!

Robert Musil [1880-1942] - O Homem sem qualidades

«RTP em risco de perder 13 milhões»

Quebra de audiências da RTP não prejudica privatização".

Com esta afirmação, o ministro diz-nos que a anunciada quebra de audiência na RTP encomendada pelos presumíveis compradores, faz baixar para preços de saldo o leilão da RTP.

Se, atentos, podemo-nos também aperceber do valor do nosso biotempo quando das guerras de audiência onde se jogam muitos milhões.

Após um dia de trabalho em que vendemos o suor ao preço estabelecido por quem nos explora, esses mesmos crápulas continuam a usufruir do nosso biotempo, quando frente ao televisor procuramos recuperar forças para lhes encher a burra no dia seguinte.

«Bem-estar significa dispor de coisas, dominação significa dispor de pessoas e, no caso dos meios de comunicação, dispor do seu biotempo. Com o biotempo dos consumidores, os meios de comunicação apropriam-se da força de trabalho gratuito da percepção. Este é um elemento da economia de sinais. A força de trabalho dos espectadores é sugada por via do entretenimento, sendo trocadas as audiências, por euros e dólares nas cotações da manhã seguinte[A Intoxicação Linguística – Vicente Romano]

1 comentário:

trepadeira disse...

E esta cambada aprendeu bem a arte.

Um abraço,
mário