O bom aluno

(Mais um dos belos desenhos do Fernando Campos)

Considerá-lo um bom aluno seria minimizar a sua genialidade. Ele era um aluno super-dotado. Os familiares tratavam-no com raro desvelo e os amigos invejavam a sua imensa capacidade. O BCE não lhe poupava elogios.

Há já algum tempo o seu comportamento começou a notar-se preocupante. Auto-elogiava-se sem razão ou mesmo quando os seus cálculos se confirmavam errados. Exibia arrogância despropositada e apresentava-se num exibicionismo ridículo.

Enquanto alguns médicos lhe diagnosticavam um autismo serôdio outros afirmavam tratar-se de lombrigas devido ao olhar esbugalhado que deriva de problemas nas tripas.

Com muito cuidado tentam impedir que tenha acesso aos dinheiros que lhe estavam confiados sem que no entanto se aperceba que já não é ministro.

Assim acontece com o executivo, repleto de bons alunos, que vêm fazendo de conta que são governo para gáudio dos que os têm como títeres.