Convém estarmos
atentos aos tiques de alguns governantes e mais ainda aos que os sustentam. O menosprezo ou o rancor surdo que as “elites” manifestam pelas massas é preocupante.
Para aferir tais comportamentos nada melhor que descer às raízes do fascismo.
«Considero
até mais urgente a constituição de vastas elites do que ensinar toda a gente a ler. É que os grandes problemas nacionais têm de ser resolvidos, não pelo povo, mas pelas elites enquadrando as massas.»
O Chefe do Governo português
reconhecia, numa das entrevistas que me concedeu, (António Ferro) que um dos perigos mais sérios do regime era a frieza dos que o serviam. “Durar, eis o segredo”, disse-me um dia, Mussolini. E tinha razão.
"Os homens mudam pouco e então os portugueses quase nada."
Salazar em Setembro, numa entrevista
concedida a António Ferro, salienta querer um regime popular, mas não um governo de massas,
influenciado e dirigido por elas. Porque se eu fosse
arrastado por influências
passageiras, se as minhas atitudes ou palavras fossem escravas do entusiasmo das multidões ou somente dos meus amigos, já não seria eu. E então, não era honesto sequer que
continuasse a governar (in António Ferro, Homens e Multidões). Curiosamente,
é neste ano que faz pela primeira vez uma saudação à romana, símbolo do fascismo, então em moda.
António de Oliveira Salazar, in 'Homens e Multidões', de António Ferro
António de Oliveira Salazar, in 'Homens e Multidões', de António Ferro
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Eles não morreram nem se foram embora e Albert Camus no final do seu romance ‘A Peste’ metaforicamente
deixa-nos este alerta: «O bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e na roupa, espera pacientemente nos quartos, nas caves, nas malas, nos lenços e na papelada. E sabia também que viria talvez o dia em que, para desgraça e ensinamento dos homens, a peste acordaria os seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz.»
1 comentário:
É verdade, o bacilo é resistente. Mas, com as armas que temos na mão, vencê-lo-emos.
Um beijo.
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