quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

"O bacilo da peste não morre"

 

Convém estarmos atentos aos tiques de alguns governantes e mais ainda aos que os sustentam. O menosprezo ou o rancor surdo que as “elites” manifestam pelas massas é preocupante. Para aferir tais comportamentos nada melhor que descer às raízes do fascismo.

«Considero até mais urgente a constituição de vastas elites do que ensinar toda a gente a ler. É que os grandes problemas nacionais têm de ser resolvidos, não pelo povo, mas pelas elites enquadrando as massas

O Chefe do Governo português reconhecia, numa das entrevistas que me concedeu, (António Ferro) que um dos perigos mais sérios do regime era a frieza dos que o serviam. “Durar, eis o segredo”, disse-me um dia, Mussolini. E tinha razão.

"Os homens mudam pouco e então os portugueses quase nada."

Salazar em Setembro, numa entrevista concedida a António Ferro, salienta querer um regime popular, mas não um governo de massas, influenciado e dirigido por elas. Porque se eu fosse arrastado por influências passageiras, se as minhas atitudes ou palavras fossem escravas do entusiasmo das multidões ou somente dos meus amigos, não seria eu. E então, não era honesto sequer que continuasse a governar (in António Ferro, Homens e Multidões). Curiosamente, é neste ano que faz pela primeira vez uma saudação à romana, símbolo do fascismo, então em moda.
António de
Oliveira Salazar, in 'Homens e Multidões', de António Ferro
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Eles não morreram nem se foram embora e Albert Camus no final do seu romance ‘A Peste’ metaforicamente deixa-nos este alerta: «O bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e na roupa, espera pacientemente nos quartos, nas caves, nas malas, nos lenços e na papelada. E sabia também que viria talvez o dia em que, para desgraça e ensinamento dos homens, a peste acordaria os seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz

1 comentário:

Graciete Rietsch disse...

É verdade, o bacilo é resistente. Mas, com as armas que temos na mão, vencê-lo-emos.

Um beijo.