sábado, 20 de junho de 2015

Qual a cor do camaleão?




Os surfistas da política

“O receio de que o poder se perca, ou o respeito diminua, é o que ocupa cruelmente aos que estão em lugares eminentes; nestes ninguém está seguro, nem ainda os mais felizes, porque se uma mão poderosa os sustém como elevados no ar, pode largá-los, e quando crêem que estão em assento firme, não estão senão suspensos”
Matias Aires
(Reflexões sobre a vaidade dos homens - 1752)

As férias aproximam-se e as eleições também.

Nestas férias joga-se o Jackpot para os “ventosas” do poder. O costumado ripanço nas Caraíbas, pago com projectos indevidos ou “subsidiado” pelo Fundo Social Europeu, luvas e outras ferraduras, está de quarentena.

Os surfistas da política, exímios em apanhar a onda que vai mais alto e mais longe, vão seguir a peugada dos possíveis “ministeriáveis”, desmultiplicando-se em encontros “casuais”, encavalitados em sorrisos panorâmicos abrangentes e velhacos. A nova vaga videirinha perfila-se no horizonte político, esfaimada, sôfrega!

Férias trabalhosas, de golpes e fintas e muito equilíbrio na corda bamba das sondagens que espartilham sabiamente o jogo eleitoral. O tempo é escasso, urge fazer a relação criteriosa dos amigos, dos amigos dos amigos, com apetência para chafurdar na mesma malga, dos amigos de outros amigos. (Amigo!... Onde chegaste, belo vocábulo!).

Numa coreografia de enganos, a simulação deverá ser um estado de espírito e na representação respeitar meticulosamente a marcação. Camalear, o verbo sempre presente.

Os golpes de mágica que farão aparecer o autocolante adequado à ocasião, já muito usado se possível, aparentemente esquecido no porta-moedas sempre disponível. Pode ser um bom trunfo.

Olear portas emperradas por algum “mal-entendido” rendível em determinado momento, hoje potencial empecilho. É importante.

Esquecer de alimentar os contactos com industriais, comerciantes e outras tetas, deixando-as secar no calor eleitoral que aperta, poderia ser trágico.

Os lobos dos lobbies são uma boa pista a seguir, funcionam em matilha, focinho erguido face ao vento ou mesmo à brisa eleitoral. Não lhes escapa o mais tenuíssimo odor que a vitória exala distinguindo também à distância o fedor da derrota. Não os percam de vista!

É necessário proteger a retaguarda. Os compromissos sociais são muitos: Apartamentos e moradias de férias, carros para toda a família, as vestimentas de marca que definem a classe, os clubes nocturnos e os restaurantes onde se coscuvilha e tramam “negócios”.

Um mundo caro e de alto risco, o dos lodaçais, leito ideal para girinos (peixe-cabeçudo),  onde se desenvolvem seres primários de olhar frio e dente aguçado, todos de grande resistência, embora de vida agitada e efémera. Renascem com as primeiras chuvas e em cada acto eleitoral.

Não é necessário dizer-lhes para não terem vergonha porque tão pouco sabem o que seja.

Apostem forte. Rastejem, e na próxima legislatura proponham a eliminação da palavra “nojo” cuja fonética por si só enjoa.

Coragem, vocês não sabem ser de outro modo. Não desanimem, são os maiores!
Os maiores vermes da democracia!

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