Os surfistas da política
“O receio de
que o poder se perca, ou o respeito diminua, é o que ocupa cruelmente aos que
estão em lugares eminentes; nestes ninguém está seguro, nem ainda os mais felizes,
porque se uma mão poderosa os sustém como elevados no ar, pode largá-los, e
quando crêem que estão em assento firme, não estão senão suspensos”
Matias Aires
(Reflexões
sobre a vaidade dos homens - 1752)
As férias aproximam-se e as eleições
também.
Nestas férias joga-se o Jackpot para os
“ventosas” do poder. O costumado ripanço nas Caraíbas, pago com projectos
indevidos ou “subsidiado” pelo Fundo Social Europeu, luvas e outras ferraduras,
está de quarentena.
Os surfistas da política, exímios em
apanhar a onda que vai mais alto e mais longe, vão seguir a peugada dos
possíveis “ministeriáveis”, desmultiplicando-se em encontros “casuais”, encavalitados
em sorrisos panorâmicos abrangentes e velhacos. A nova vaga videirinha
perfila-se no horizonte político, esfaimada, sôfrega!
Férias trabalhosas, de golpes e fintas e
muito equilíbrio na corda bamba das sondagens que espartilham sabiamente o jogo
eleitoral. O tempo é escasso, urge fazer a relação criteriosa dos amigos, dos
amigos dos amigos, com apetência para chafurdar na mesma malga, dos amigos de
outros amigos. (Amigo!... Onde chegaste, belo vocábulo!).
Numa coreografia de enganos, a simulação
deverá ser um estado de espírito e na representação respeitar meticulosamente a
marcação. Camalear, o verbo sempre presente.
Os golpes de mágica que farão aparecer o
autocolante adequado à ocasião, já muito usado se possível, aparentemente
esquecido no porta-moedas sempre disponível. Pode ser um bom trunfo.
Olear portas emperradas por algum “mal-entendido”
rendível em determinado momento, hoje potencial empecilho. É importante.
Esquecer de alimentar os contactos com
industriais, comerciantes e outras tetas, deixando-as secar no calor eleitoral
que aperta, poderia ser trágico.
Os lobos dos lobbies são uma boa pista a seguir, funcionam em matilha, focinho
erguido face ao vento ou mesmo à brisa eleitoral. Não lhes escapa o mais
tenuíssimo odor que a vitória exala distinguindo também à distância o fedor da
derrota. Não os percam de vista!
É necessário proteger a retaguarda. Os
compromissos sociais são muitos: Apartamentos e moradias de férias, carros para
toda a família, as vestimentas de marca que definem a classe, os clubes
nocturnos e os restaurantes onde se coscuvilha e tramam “negócios”.
Um mundo caro e de alto risco, o dos
lodaçais, leito ideal para girinos (peixe-cabeçudo), onde se desenvolvem seres primários de olhar
frio e dente aguçado, todos de grande resistência, embora de vida agitada e
efémera. Renascem com as primeiras chuvas e em cada acto eleitoral.
Não é necessário dizer-lhes para não
terem vergonha porque tão pouco sabem o que seja.
Apostem forte. Rastejem, e na próxima
legislatura proponham a eliminação da palavra “nojo” cuja fonética por si só
enjoa.
Coragem, vocês não sabem ser de outro
modo. Não desanimem, são os maiores!
Os maiores vermes da democracia!
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