O candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa foi
entrevistado pelas jornalistas da Antena 1 Maria Flor Pedroso e Natália
Carvalho. Foi uma entrevista interessante – e, apesar da sua arte de encanar a
perna à rã, patente em toda a conversa, Marcelo espalhou-se ao comprido na
parte final. De mão dada com Miguel Relvas, um produto tóxico que continua por
aí.
Flor Pedroso, citando a revista Visão, que tinha acabado
de anunciar que Relvas tem dado uma ajudinha à campanha de Marcelo, perguntou
ao candidato o que se lhe oferecia dizer sobre tão interessante e elucidativo assunto.
O professor ficou por momentos estático no seu sorriso de
plástico. Mas recuperou, embora ‘touché’: “Tenho ouvido as notícias mais
espantosas sobre as pessoas que me têm dado uma ajudinha na campanha” – começou
a balbuciar, para logo de seguida, fugindo à pergunta, debitar nomes de quem o
acompanha para todo o lado: dois jovens ‘patriotas’, o motorista e o ‘velho’
Rui Ochoa (um excelente fotógrafo, diga-se passagem), “como a Natália, que está
a cobrir a minha campanha, sabe muito bem”.
Natália Carvalho, atenta, aproveitou a deixa e
acrescentou um nome que Marcelo, seguramente por esquecimento involuntário,
deixara na sombra: “Falta um, o Pedro Duarte, um antigo líder da JSD que é o
seu director de campanha”.
Silêncio rádio por parte do candidato, que, qual
Garrincha a fazer fintas na relva, assobiou para o lado acrescentando mais
alguns nomes de pessoas que o vêm ajudando na campanha: um núcleo informal,
mandatários e directores de campanha a nível regional…
Flor Pedroso, porém, que já tinha repetido a pergunta
mais duas vezes sem que Marcelo lhe respondesse, não desarmou e interrompeu-o
com elegante firmeza: “Se tivesse a gentileza de responder à minha pergunta:
Miguel Relvas não?”
Apanhado como um rato na sua própria ratoeira, inventou
uma resposta esfarrapada: “Não tenho nada contra Relvas, mas devo reconhecer
que, não sabendo o que vai na cabeça dele, não tenho beneficiado desse apoio de
Miguel Relvas, que, aliás, está afastado da política há tempos”.
A entrevista teve outros momentos de interesse, mas
fico-me por aqui, reforçando cada vez mais a ideia que já tinha e esta campanha
vem comprovando: Marcelo, apesar de extremamente popular graças à rádio e à
televisão onde, durante décadas, teve palco para dizer o que lhe viesse à
cabeça sem que nada nem ninguém o contraditasse, afinal não passa de um bluff.
E de um catavento ou um troca-tintas: contra todas as evidências, com a maior
cara de pau que se possa imaginar, anda por aí a tentar fazer de todos nós um
bando de idiotas, querendo convencer-nos que a sua candidatura é transversal a
todo o espaço político. Candidato da direita, eu? Passos Coelho? Quem é? Miguel
Albuquerque? Alberto João Jardim? Barroso? Cavaco? Universidade de Verão do
PSD? Portas? Já não se recordam da Vichysoise? Férias com o ex-dono disto tudo?
Eu? Eu só quero paz e concórdia, ser árbitro, não quero jogar o jogo, quero
facilitar a vida do governo Costa para bem do bom povo português.
Pois, pois. Basta que jornalistas deixem de ser pé de
microfone reverente e façam o seu trabalho com dignidade e tudo treme - e a
estrela brilhante cai da cátedra e transforma-se num ápice numa estrela cadente.
É dos livros. Do jornalismo e não só.
Mas apesar de tudo o que acabo de escrever e do muito que
continua por dizer, há que reconhecer que o homem, em muitas situações a fazer
lembrar o lacrau, tem piada. Quanto mais não seja por ser incapaz de resistir a
divertir-se julgando que ninguém o topa. Então não é que, numa das mais
recentes deslocações ao sul, sabendo que dele se dizia que tem andado
deliberadamente a fazer de morto, decidiu mesmo – bravo ! – visitar uma agência
funerária?
Ribeiro Cardoso
1 comentário:
De tropeço em tropeço,até à queda final!Abraço
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