terça-feira, 25 de agosto de 2020

Os donos da internet


“A tecnologia não é boa nem má e muito menos neutra”

Melvin Kranzberg

 

Natalia Zuazo

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Neste preciso momento, uma em cada duas pessoas no mundo está ligada à Google, Microsoft, Facebook, Apple e Amazon.

Nos últimos anos, sem recorrer à violência física, as grandes plataformas tecnológicas, tornaram-se nas empresas mais ricas do planeta.

Em t-shirt e com um exército de relações públicas que divulga as suas ações filantrópicas, um clube de cinco empresas de tecnologia domina o mundo como o fizeram as antigas grandes potências. Sem palácios, muralhas nem sangue, este neocolonialismo tecnológico chegou ao topo. Por quanto tempo poderá manter o seu domínio?

Através dos mail que chegam ao seu telefone, a foto que recebeu ou dos arquivos que guardou no seu servidor, os dados que está processando com um software criado por eles… a vida de meio planeta está na mão do Clube dos Cinco, corporações que concentram enorme poder na economia e na sociedade e, as decisões do futuro passam por elas.

 

Mas nem sempre assim foi. Houve uma época em que o Clube dos Cinco tinha competidores. Em 2007, metade do tráfego da Internet estava distribuído entre centenas de milhares de sites espalhados pelo mundo. Sete anos depois, em 2014, esse mesmo número já estava concentrado em 35 empresas. No entanto, o pódio ainda estava dividido, como no grande arranque da mudança tecnológica nos anos 1970. A Microsoft dividia seu poder com a IBM, Cisco ou Hewlett-Packard. O Google coexistiu com o Yahoo!, com o mecanismo de busca Altavista e com a AOL. Antes do Facebook, o MySpace tinha seu reinado e antes que a Amazon detivesse uma das ações mais valiosas do mercado de ações, o eBay ganhava uma boa parte da receita do comércio eletrónico.

Mas algo está começando a mudar. Nos últimos anos algumas vozes de alguns centros académicos e grupos de ativistas em todos os continentes, estão começando a alertar e a tomar ações sobre o grande poder concentrado nas empresas tecnológicas e o seu impacto na desigualdade geram. O controlo dos dados Google, a pouca transparência do Facebook sobre o domínio das notícias, os conflitos laborais e urbanísticos de Uber e o impacto comercial e conflitos laborais do gigante Amazon, são alarmes sérios. O movimento, não obstante é lento e enfrenta grandes obstáculos.

1 comentário:

Maria João Brito de Sousa disse...

A neutralidade é algo que não existe, um conceito vazio, para o ser humano...

Abraço!