quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Os filhos da violência



Os filhos da violência

Há crianças fechadas em jaulas!

9 de agosto dia Internacional dos Crimes Estadunidenses contra a Humanidade (aqui)

Há um plano para encobrir os crimes contra a Humanidade? Sim, chama-se Capitalismo.

 

Ficar inativo é ser cúmplice. Esta não é uma denúncia cómoda para tranquilizar consciências pequeno-burguesas. É denúncia e é autocrítica. Enquanto Trump e as suas matilhas criminosas reprimem, humilham e encarceram famílias de “imigrantes” (todos os Crimes Americanos se agrupam nas injustiças fronteiriças), a grande maioria de nós contribui com a sua parcela de ignorância, indolência e inutilidade funcionais. Alguns bradam aos céus e oram, outros clamam pelas mães, outros ainda fazem donativos, esmolas e gestos compungidos e outros encolhem os ombros e continuam assistindo ao seu noticiário favorito.

A única solidariedade concreta vem de baixo, da mão do povo que vê o seu próprio sofrimento. Para não importunar o magnata da Casa Branca, centenas de funcionários cosem a boca com fios de burocracia e silenciam o que lhes vai na consciência para que o horror não lhes tire o sono. Alguns advogados fabricaram trincheiras de “jurisprudência” à prova de toda a vergonha, e a partir daí regem dejeções legalistas expelidas pelo “Estado de direito” e “tratados internacionais”.

Exibem muito esmero para com o tecnicismo e são muito pontuais na cobrança. Vão e vêm de congresso em congresso, de conferência em conferência, de burocracia em burocracia… enquanto as crianças aprendem, atrás das grades, que vivem num mundo onde se castigam os pobres, não importa de onde venham nem a idade que tenham.

Castigo inclemente sem culpa formada, sem julgamento e sem defesa. “A única maneira de salvar a vida das pessoas detidas está na sua libertação “', disse o jornalista Jacob Soboroff, que entrou nestas prisões do Serviço de Imigração e Controle Aduaneiro (ICE), onde, já em 2008, viu meninas e meninos detidos em gaiolas, o que Soboroff veio a relatar no seu novo livro “Separated: Inside an American Tragedy”. (Separados: uma tragédia estadunidense)

É mais um dos Crimes Americanos contra a Humanidade, convertido em mercadoria “mediática”. Mercadoria do horror pré-fabricado por interesses de classe com o Estado ao seu serviço para a vender no mercado da dominação de uma classe sobre outra. Desta vez, usando as crianças, sem clemência, sem defesa, sem piedade. No âmago dessa violência, está a complacência de governos reformistas e oportunistas, cuspindo impunemente discursos legalistas. Disparam-se minuto a minuto rajadas de violência ideológica para ocultar a tortura a que são submetidos os mais indefesos no império oligarca da vulnerabilidade social. Não importa o horário, não importa o tema nem o impacto… há sempre vítimas e violência aberta contra meninas e meninos atrás das grades do império. E parece tão “natural”. “Segundo diversas informações, em maio a ICE detinha cerca de 184 menores, mas os ativistas creem que poderiam ser mais, depois de saberem que o governo federal está detendo crianças em hotéis no Texas e no Arizona antes de as deportar para os seus países de origem.”'

Não se trata de uma arenga de solidariedade genuína, é uma reflexão contra a violência infiltrada nas cabeças dos povos para naturalizar tudo o que o capitalismo impõe como modelo para mentalidades dóceis, cúmplices das aberrações do saque e a exploração que reinam globalmente. “Quase 2.000 crianças foram separadas de seus pais desde que o procurador-geral Jeff Sessions anunciou a política que determina que as autoridades de segurança interna encaminhem todos os casos de entrada ilegal nos EUA para serem processados”.

Esta é uma chamada de atenção não apenas sobre o papel desempenhado pelo aparato estatal e pelos governos que administram a escravidão à direita e à esquerda, mas também contra as matilhas de burocratas que, com toda a impunidade, violam os direitos humanos. O plano de extermínio contra “famílias imigrantes”, desencadeado por Trump, é uma declaração de guerra contra qual devemos formar frentes de luta de todo o tipo e a todo o custo. Os meninos e meninas enjaulados não se podem defender, e muito menos se têm outra forma de violência oculta na nossa indiferença, ignorância e apatia.

 

Dr. Fernando Buen Abad Domínguez

Director del Instituto de Cultura y Comunicación

y Centro Sean MacBride

Universidad Nacional de Lanús

Miembro de la Red en Defensa de la Humanidad 

Miembro de la Internacional Progresista

Miembro de REDS (Red de Estudios para el Desarrollo Social)

 

2 comentários:

samuel disse...

Nunca mudarão!

Olinda disse...

Esta violência,como outras só são possíveis porque não existe uma informação livre.Felizmente,que se vão abrindo "caminhos",como é o caso.Buen Abad sempre lido com atenção e prazer.Abraço