Porque me tornei comunista, por Pablo Picasso
No Partido Comunista sinto-me entre irmãos.*
A minha entrada no Partido Comunista constitui um passo lógico na minha vida e no meu trabalho, um passo que lhes dá significado. Através do desenho e da cor tenho procurado um conhecimento mais profundo do mundo e dos homens, para que esse conhecimento sirva para nos libertar. Sempre expressei, à minha maneira, o que considerava mais verdadeiro, mais justo e melhor, e portanto mais bonito, mas durante a opressão e a insurreição percebi que isso não era suficiente, que eu tinha que lutar não só com meus pincéis, mas com todo o meu ser. Uma “inocência” peculiar havia anteriormente impedido de compreendê-lo.
Tornei-me comunista porque o nosso Partido se esforça mais do que qualquer outro para conhecer e construir o mundo, tornando os homens pensadores mais claros, livres e felizes. Tornei-me comunista porque os comunistas são os mais corajosos da França, da União Soviética e da minha pátria: Espanha. Nunca me senti mais livre ou completo do que desde que ingressei no partido. Enquanto espero o momento em que a Espanha me possa receber novamente, o Partido Comunista Francês será uma pátria para mim. Nele me encontrei novamente com todos os meus amigos – os grandes cientistas Paul Langevin e Frédéric Joliot-Curie, os grandes escritores Louis Aragon e Paul Éluard, e tantos rostos bonitos dos insurgentes em Paris. Mais uma vez me sinto entre meus irmãos.
* Carta enviada por Pablo Picasso ao jornal New Masses de Nova York, em outubro de 1944, comunicando seu ingressar no Partido Comunista da França.
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Site dedicado à obra de «Guernica» reforçado
O museu Reina Sofia, em Madrid, reforçou o site dedicado à obra de «Guernica», de Pablo Picasso, com mais de 200 documentos, entrevistas inéditas e duas novas secções. Em comunicado divulgado no dia 21 de Janeiro, o museu recorda que lançou «há três anos “Repensar Guernica, História e Conflito no século XX”, um projecto sob a forma de website, com o objectivo de estudar o quadro de Pablo Picasso através de diferentes abordagens, metodologias e ferramentas».
Além dos novos elementos e funcionalidades do site, o museu Reina Sofia vai editar a publicação «Los Viajes de Guernica», que «partiu do estudo de materiais recolhidos, com a ajuda de vários especialistas e investigadores, para delinear uma extensa constelação de relações, cronologias e estudos de caso em torno daquela pintura».
Desde de que foi criado, o projeto «Repensar Guernica, História e Conflito no século XX» teve mais de 1,5 milhões de visitas únicas e recebeu numerosas distinções internacionais, incluindo dos prestigiosos Prémios Webby, da Academia Internacional de Artes e Ciências Digitais (IADAS, sigla em inglês).
«Guernica» é a obra mais emblemática da carreira de Pablo Picasso e talvez também da arte do século XX.
A pintura a óleo sobre tela, de 3,493 metros de altura e 7,766 metros de largura, mostra os horrores do bombardeamento da cidade basca de Guernica, por aviões alemães do regime nazi, apoiando o ditador Francisco Franco, em 26 de Abril de 1937, durante a Guerra Civil de Espanha (1936-1939), naquele que foi visto como um teste dos ataques aéreos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Em Abril de 2017, o museu Reina Sofia inaugurou a exposição «Piedade e terror em Picasso: o caminho até Guernica», que celebrava o 80.º aniversário da criação do quadro, «Guernica», e os 25 anos da chegada da obra ao museu.