sábado, 1 de setembro de 2012

1º de setembro dia internacional dos…

ABUTRES

O Zoo de Lisboa comemora o Dia Internacional do Abutre expondo os seus exemplares, e nós acompanhamos esta estimável instituição divulgando alguns dos mais vorazes da nossa extensa galeria. Juntamos o extracto de um velho texto que nos parece a propósito.

 


Os abutres

Gosto de os ver, gola de penas na base do pescoço nu, grandes, calmos, certos de que o mais irrequieto dos seres é presa sua. Tudo questão de tempo!...

De grande acuidade visual, bico forte, distinguem das alturas o alimento de que se nutrem: cadáveres em decomposição.

Ninguém mata um abutre. A sociedade protege-os, são-nos úteis.

Falo-vos do abutre-preto ou pica-osso, um anjo ao lado dos outros: os viscosos, bem vestidos, mente desregrada, vivendo da dor e da angústia, com o certeiro e glacial sentido do lucro.

Pululam pelas cidades, vilas, na mais pequena aldeia ou lugares. Dividindo entre si o sofrimento alheio, apercebem-se à distância da lágrima retida, do íntimo soluço, do choro ou do lamento.

Não me refiro ao respeitável cangalheiro, «pica-osso» por onde todos passaremos um dia, mas sim ao traficante de influências que recebe por debaixo das tábuas do caixão o fruto da sua ignomínia. Usurpador de lugares públicos, escória de uma sociedade que auto-promove as suas próprias exéquias.

Focos de gangrena num corpo social que vão condicionando a própria vida ou morte da política que os gera.

Fragilizados somos na dor e na doença; a quem nos dirigirmos, onde nos socorrermos quando a angústia nos despedaça e pesa?

O acesso ao trabalho, à saúde, a uma velhice condigna são-nos negados enquanto a burra dos banqueiros floresce.

O bolo gerado pela miséria é grande – desemprego igual a salários baixos – a gula ainda maior. O resplendor dos cifrões (continuemos a chamar-lhes cifrões) ofusca valores universais.

Ser solidário vem dando lugar ao salve-se quem puder. Se puder!...

E enquanto a escória semeia o desânimo e a resignação, nós não baixaremos os braços repetindo à exaustão a mensagem que Francisco Lopes nos sugere:

«É preciso transformar desânimos e resignações em esperança combativa. Confiem nas vossas próprias forças! Mobilizem a vossa vontade, energia e capacidades! O futuro de um Portugal mais justo e desenvolvido está nas vossas mãos


Está nas nossas mãos!...



3 comentários:

trepadeira disse...

À luta.
Os abutres sabem que isto já lá não vai sem cadáveres.

Um abraço,
mário

trepadeira disse...

À luta.
Os abutres sabem que isto já lá não vai sem cadáveres.

Um abraço,
mário

Graciete Rietsch disse...

Excelente texto .
É tão importante que o Povo reconheça o imenso poder de que dispõe!!!!!!

Um abraço.