IMOLAÇÃO
É um país que em desespero se imola pelo fogo.
Cortaram-lhe a seiva e o corpo definhou, secou, tornou-se combustão. E não poderia ser de outro modo.
Estrangularam os acessos por onde fluía a principal fonte de energia e renovação social que de harmonia com o meio envolvente mantinha o equilíbrio indispensável.
Investiram milhões em auto-estradas que ligam urbes de grande densidade populacional e outras que a ninguém serve, às aldeias jugulam-lhes o acesso dos principais nutrientes
à sua sustentabilidade. A “modernidade” tão propagada tem sido construída sobre cadáveres,
quando a modernidade, que é imparável, deverá ser construída vitalizando todos os núcleos populacionais onde quer que se encontrem, proporcionando-lhes os meios de desenvolvimento, ou usando
e a expressão tão
propalada, e não seguida,
do “desenvolvimento sustentável”,
onde o ecológico,
o social e o económico é a trempe, que sustém de facto o desenvolvimento que se
impõe. As aldeias estiolam e são ruínas que se esboroam sem glória, e porque desde sempre foram o sustentáculo das vilas, estas estagnam perdendo vitalidade e quaisquer hipóteses de desenvolvimento.
E, ao abandono, sem acessos e os meios indispensáveis que assegurem as condições mínimas de
sobrevivência, as populações migram para a periferia das cidades ou emigram
para o estrangeiro
onde esperam construir o seu futuro.
Os matagais avançam e instalam-se sem que ninguém os perturbe, as resinosas não estão sujeitas a qualquer tipo de gestão e o governo entrega florestas às empresas de celulose.
Todos os meios anunciados para fazer face ao deflagrar deste combustível acumulado, todos, absolutamente
todos, nunca
terão capacidade para o suster. A retórica dos eloquentes responsáveis não passa de cortina de fumo para esconder a política criminosa que têm imposto escondendo a realidade que se
impõe.
A nível social os fogos deflagram em todos os azimutes
ateados por criminosos que se nutrem
do sofrimento que sadicamente ateiam. O fascismo
metamorfoseia-se utilizando novas linguagens e adereços para,
adaptando-se ao meio e ao tempo, atingir os
objectivos de sempre, a sujeição e exploração de quem trabalha. Utilizar a revolta como contra-fogo
para conter a chamas que nos perseguem é
indispensável e urgente.
Ao arco de fogo que vai
encurtando o seu perímetro, as labaredas não poupam
reformados e pensionistas. Onde quer que se encontre
um pobre, de lança-chamas em riste, os
pirómanos recolhem-lhe as cinzas num ritual de cifrões.
A LUTA CONTINUA A SER O CAMINHO
1 comentário:
A luta é o único caminho.
O país há-de cantar novamente,de cabeça erguida e orgulhoso de vencer.
Um abraço,
mário
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