segunda-feira, 10 de setembro de 2012

AS CINZAS DE UM PAÍS

IMOLAÇÃO
É um país que em desespero se imola pelo fogo.

Cortaram-lhe a seiva e o corpo definhou, secou, tornou-se combustão. E não poderia ser de outro modo. Estrangularam os acessos por onde fluía a principal fonte de energia e renovação social que de harmonia com o meio envolvente mantinha o equilíbrio indispensável. Investiram milhões em auto-estradas que ligam urbes de grande densidade populacional e outras que a ninguém serve, às aldeias jugulam-lhes o acesso dos principais nutrientes à sua sustentabilidade. A “modernidade” tão propagada tem sido construída sobre cadáveres, quando a modernidade, que é imparável, deverá ser construída vitalizando todos os núcleos populacionais onde quer que se encontrem, proporcionando-lhes os meios de desenvolvimento, ou usando e a expressão tão propalada, e não seguida, do “desenvolvimento sustentável”, onde o ecológico, o social e o económico é a trempe, que sustém de facto o desenvolvimento que se impõe. As aldeias estiolam e são ruínas que se esboroam sem glória, e porque desde sempre foram o sustentáculo das vilas, estas estagnam perdendo vitalidade e quaisquer hipóteses de desenvolvimento.
E, ao abandono, sem acessos e os meios indispensáveis que assegurem as condições mínimas de sobrevivência, as populações migram para a periferia das cidades ou emigram para o estrangeiro onde esperam construir o seu futuro.
Os matagais avançam e instalam-se sem que ninguém os perturbe, as resinosas não estão sujeitas a qualquer tipo de gestão e o governo entrega florestas às empresas de celulose.
Todos os meios anunciados para fazer face ao deflagrar deste combustível acumulado, todos, absolutamente todos, nunca terão capacidade para o suster. A retórica dos eloquentes responsáveis não passa de cortina de fumo para esconder a política criminosa que têm imposto escondendo a realidade que se impõe.
A nível social os fogos deflagram em todos os azimutes ateados por criminosos que se nutrem do sofrimento que sadicamente ateiam. O fascismo metamorfoseia-se utilizando novas linguagens e adereços para, adaptando-se ao meio e ao tempo, atingir os objectivos de sempre, a sujeição e exploração de quem trabalha. Utilizar a revolta como contra-fogo para conter a chamas que nos perseguem é indispensável e urgente.

Ao arco de fogo que vai encurtando o seu perímetro, as labaredas não poupam reformados e pensionistas. Onde quer que se encontre um pobre, de lança-chamas em riste, os pirómanos recolhem-lhe as cinzas num ritual de cifrões.

A LUTA CONTINUA A SER O CAMINHO

1 comentário:

trepadeira disse...

A luta é o único caminho.

O país há-de cantar novamente,de cabeça erguida e orgulhoso de vencer.

Um abraço,
mário