Que viva o Povo de Angola
11 de novembro de 1975/2015
O MENINO NEGRO NÃO ENTROU NA RODA
O menino
negro não entrou na roda
das crianças brancas — as crianças brancas
que brincavam todas numa roda viva
de canções festivas, gargalhadas francas…
das crianças brancas — as crianças brancas
que brincavam todas numa roda viva
de canções festivas, gargalhadas francas…
E chegou o
vento junto das crianças
— e bailou com elas e cantou com elas
as canções e danças das suaves brisas,
as canções e danças das brutais procelas.
— e bailou com elas e cantou com elas
as canções e danças das suaves brisas,
as canções e danças das brutais procelas.
E o menino
negro não entrou na roda.
Pássaros, em
bando, voaram chilreando
sobre as cabecinhas lindas dos meninos
e pousaram todos em redor. Por fim,
bailaram seus voos, cantando seus hinos…
sobre as cabecinhas lindas dos meninos
e pousaram todos em redor. Por fim,
bailaram seus voos, cantando seus hinos…
E o menino
negro não entrou na roda.
«Venha cá,
pretinho, venha cá brincar»
— disse um dos meninos com seu ar feliz.
A mamã, zelosa, logo fez reparo;
e o menino branco já não quis, não quis…
— disse um dos meninos com seu ar feliz.
A mamã, zelosa, logo fez reparo;
e o menino branco já não quis, não quis…
E o menino
negro não entrou na roda.
O menino
negro não entrou na roda
das crianças brancas. Desolado, absorto,
ficou só, parado com olhar de cego,
ficou só, calado com voz de morto.
das crianças brancas. Desolado, absorto,
ficou só, parado com olhar de cego,
ficou só, calado com voz de morto.
Geraldo Bessa Victor
(1917-1990), poeta de Angola
1 comentário:
É isso!Viva o povo de Angola.Um dia será livre.Abraço
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