Na
estrumeira dos media por vezes também
brotam timidamente algumas teimosas flores da verdade.
(Pacheco
Pereira – Público 14/11/2015)
«9. Portugal está nessa encruzilhada. O governo do PSD-CDS é o que a “Europa” do PPE quer e precisa para não haver contágio em Espanha. O governo do centro-esquerda do PS, com apoio do PCP e do BE, não só não pode ter sucesso, como nem sequer pode existir como possibilidade, para o caso miraculoso de mostrar que “há alternativa”. Não é um jogo a feijões – é um jogo, se se pode chamar assim, em que estão todos os grandes interesses europeus e nacionais que agitam fantasmas, que vão da CGTP ao PREC, para gerar o medo e impor o monopólio político da direita. É verdade que o mecanismo ideal da teoria da democracia limitada é ver os partidos socialistas a fazerem a política da direita e com a direita. Mas isso parece falhar em Portugal, como já falhou no Partido Trabalhista inglês. Não é porque Costa seja um Corbyn – não é certamente –, mas porque a recusa visceral de que “os mesmos” continuem a governar, traduzida em 62% dos votos, mudou as regras do jogo e levou o PCP a abrir uma porta que nunca tinha sido aberta e pela qual entraram o PS e o BE.
10. Não sei se vão falhar, tudo aponta para que as dificuldades sejam imensas. Mas há quem deseje ardentemente que falhem, mesmo que isso signifique dar cabo da economia que resta,»
(São
José Almeida – Público 14/11/2015)
«Por agora e antes mesmo de o governo tomar posse, o que é possível perceber é que, do ponto de vista político e simbólico, o PCP já marcou pontos. De forma inexplicada até agora, impôs ao PS a realização de uma “cerimónia sequencial com momentos individualizados” para a assinatura dos acordos, com a particularidade estranhíssima de ter imposto que a assinatura fosse feita à porta fechada, no Parlamento de uma democracia mediatizada como é a portuguesa.
Olhando os acordos políticos que aferem do relacionamento entre os parceiros – existe também a lista das 51 medidas que foram introduzidas ou alteradas no programa de governo do PS –, é possível ver a capacidade do PCP de transformar o seu acordo em não acordo. Não é, aliás, por qualquer fetiche leninista que o PCP introduziu uma nova forma de votação no centralismo democrático, o “unanimismo informal” – ou seja, o PCP fez questão que ficasse inscrito no documento as medidas que foram negociadas e sobre as quais não foi obtido acordo, para acalmar a contestação interna a esta negociação.
O PCP marcou também pontos ao conseguir que no dia do próprio debate da moção de rejeição, enquanto a bancada comunista ao lado da socialista votava a rejeição institucional do Governo do PSD-CDS, a CGTP se manifestasse à porta da Assembleia; e Arménio Carlos criticava o PS por não ter aceitado aumentar o salário mínimo para 600 euros já em 2016.»
«Por agora e antes mesmo de o governo tomar posse, o que é possível perceber é que, do ponto de vista político e simbólico, o PCP já marcou pontos. De forma inexplicada até agora, impôs ao PS a realização de uma “cerimónia sequencial com momentos individualizados” para a assinatura dos acordos, com a particularidade estranhíssima de ter imposto que a assinatura fosse feita à porta fechada, no Parlamento de uma democracia mediatizada como é a portuguesa.
Olhando os acordos políticos que aferem do relacionamento entre os parceiros – existe também a lista das 51 medidas que foram introduzidas ou alteradas no programa de governo do PS –, é possível ver a capacidade do PCP de transformar o seu acordo em não acordo. Não é, aliás, por qualquer fetiche leninista que o PCP introduziu uma nova forma de votação no centralismo democrático, o “unanimismo informal” – ou seja, o PCP fez questão que ficasse inscrito no documento as medidas que foram negociadas e sobre as quais não foi obtido acordo, para acalmar a contestação interna a esta negociação.
O PCP marcou também pontos ao conseguir que no dia do próprio debate da moção de rejeição, enquanto a bancada comunista ao lado da socialista votava a rejeição institucional do Governo do PSD-CDS, a CGTP se manifestasse à porta da Assembleia; e Arménio Carlos criticava o PS por não ter aceitado aumentar o salário mínimo para 600 euros já em 2016.»
Sem comentários:
Enviar um comentário