sábado, 6 de junho de 2020

Era uma vez

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
Ary

Era uma vez um país de saúde abalada, confinado, [vocábulo inusual até então] de atividade económico-social anémica e medo instalado.

Os governantes, apreensivos, recrutaram um físico altamente qualificado, não forçosamente para esta moléstia, mas gestor emérito de currículo invejável na área de Recursos Energéticos.

Exige-se ao douto especialista que prescreva o receituário certo para recuperarmos a sanidade necessária, que nos permita caminhar sem andarilho.

O diagnóstico é de classe, o formulário propalado nos media chega-nos codificado, a anunciada intervenção na energia disponível é renovável mas pode e deve oferecer resistência, os ventos nem sempre sopram de feição e nos painéis o sol só serve a alguns.

O país não é uma “Sociedade Anónima” (S.A.) e os trabalhadores não são só “Força de Trabalho”.

Por mais sábios que sejam os desenhistas do futuro, e este já há mais de um mês que o está esboçando, não foi com régua e esquadro que alguma vez traçaram as linhas necessárias a uma sociedade que se deseja igualitária: “a cada um segundo as suas necessidades; de cada um segundo as suas capacidades.” Não se vislumbra nem em rodapé.


1 comentário:

Olinda disse...

Só a luta de classes pode responder aos progressivos atentados a quem trabalha.Só assim teremos futuro.Abraço