sexta-feira, 25 de maio de 2012

QUANTOS SEREMOS?


QUANTOS SEREMOS?

Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um que fosse, e valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.


Miguel Torga

3 comentários:

Pata Negra disse...

Isto quer dizer que Miguel Torga vai estar lá. Vou estar e viver. Seremos muitos, seremos alguns,poderíamos ser mais, deveríamos ser mais, não somos ainda os necessários. Vou manifestar-me com a certeza que é na rua que se pode erguer a nossa voz e com a esperança de que seremos cada vez mais.
Um abraço e até amanhã camarada

Olinda disse...

Extraordinário poema de Miguel Torga.Não sei quantos seremos,mas seremos muitos.

trepadeira disse...

Basta um para iniciar o caminho.

Um abraço,
mário