O indeciso político é um manhoso que
se orienta pelo cata-vento.
Os que andam ao sabor da vaga e por
temor dizem a tudo: sim senhor! Os que não sabem se sim se não e que, na altura
de votar, ficam com o lápis na mão, tirando cara ou coroa para libertar a
decisão. Esses são os que, nos momentos cruciais, colocam no prato da balança a
governação. Digam lá que não!
Depois… depois berram: aqui-del-rei!
Tirem-me deste inferno, não tenho nada a ver com isto; que sim e que não; quer
dizer… pois claro; não tem de quê, ora essa!
Pobres distraídos que apanham sempre
o comboio sem reparar no destino, ficando atarantados quando se apeiam na
Campanhã convencidos que chegaram à Gare do Oriente.
São os que advogam que só os burros
não mudam, que a democracia é isso mesmo, um carrossel com música barata para
embalar vacilantes ao sabor da inércia, gente que voga na imponderabilidade das
suas convicções.
É menos cansativo deixar-se ir na
corrente do que fazer face à enxurrada de slogans e meias verdades que
nos submergem de dejetos e lodo.
Convicções?… Quais convicções! Ao
sabor do vento, assim, livres como os passarinhos. Que bonita imagem, enquanto
não lhes caiem as penas.
Às ortigas o idealismo, viva a
mediocracia; assim rotineiros e mansos, levados pelo baraço de ideias feitas
para o redil ou circo, onde se divertem como palhaços sem qualidade ou
equilibristas trapaceiros.
Atentos à inquisição mediática e
seus diletos vassalos, aprestam-se a lançar na fogueira tudo o que não reflete
a sua baça imagem. Enfermos de uma forte anosognosia social, acarinham
ciclicamente os que não cumpriram com as promessas feitas e os maltrataram com
desvergonha e escárnio.
São gozados e disso não se apercebem,
ou pior ainda, não se importam, a dignidade está-lhes nas solas dos sapatos.
Temerosos, seguem cautelosos a própria sombra, não vá por enfado, deles se
apartar nalguma bifurcação.
E porque não têm capacidade para
pensar nos outros e, muito menos, para com eles se preocuparem, quando lançados
na valeta entram em pânico por lhes faltarem as muletas que suportam o seu
egoísmo e a bem-aventurada ignorância.
Os indecisos são seres rotineiros
que encontram o equilíbrio na órbita de qualquer sistema com o qual se
confundam.
Colocam
o voto no Dom Sebastião e sai-lhes um qualquer figurão e, por entre o nevoeiro
das suas vacilações, não enxergam se é o “desejado” ou o “manholas” clonado.
Assim, se uma chispa rompe a
escuridão, soltam-lhes os cães, procurando o incómodo que ousou apontar para o
rei e repetir pela enésima vez que “vai nu!”.
Uma verdade simples, inócua, que não
procura mais que evitar que sua majestade apanhe um resfriado ou gripe, ou
ainda, quem sabe, alguma pneumonia.
De punho erguido gritamos: “o rei
vai nu!”
Não estão a ver!?…
1 comentário:
Gostei particularmente. Paradoxalmente são estes indecisos que decidem o resultado final. Se a estes lhes juntarmos os abstencionistas cujo não voto é afinal um voto para que fique tudo na mesma...
enfim...
um copo logo à noite, ninguém nos tira!
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