Escolhi da longa entrevista concedida ao Público por
António Damásio, este final que me parece ilustrar o modo como o conselheiro de
Estado se refere ao mundo onde também parece viver. O malabarismo da linguagem
ilustra a conivência com o sistema.
É forçoso estar atento, até com os cientistas dos
“afetos”.
«E há uma ideia que é consequente a essa e tem a ver
com a educação, com o facto de que a única maneira de resolver o problema da
nossa violência natural e de como naturalmente as pessoas querem estar com
aqueles que são parecidos e não com os diferentes. Tem de haver um plano de educação extraordinário,
uma espécie de super-plano de investimento global que não tem sido feito por
razões que são também históricas e sociopolíticas.
O mundo é
dividido, depois há uma crise económica, uma crise política que leva a
migrações, essas migrações trazem dificuldades e há reacções contra e não há
possibilidade de coordenar globalmente um plano educacional. Para mim não é uma
ideia mítica, acho possível. Não é possível só com as Nações Unidas. Tem sido
possível em certos períodos. Os
Estados Unidos, com todos os seus problemas, tiveram uma acção extraordinária
no pós-guerra. Há um período que não é de paz completa, em que houve um
investimento em reconstruir países e permitir que houvesse um alargamento da
educação e da maneira de compreender outros que são diferentes. É uma
grande projecto que, em parte, funcionou, tem funcionado, mas que neste momento
está a ser ameaçado. (…) Nos EUA é uma
coisa mais orgânica. Sempre tiveram enormes divisões geográficas. Há uma
narrativa histórica que conseguiu compensar e impor um bom funcionamento em
conjunto à volta de certos mitos e neste momento há uma fragilidade das
relações, há fenómenos
económicos extraordinariamente importantes e há uma evolução de tempos
diferentes em diversas comunidades. Mas veja a Europa, encontra exactamente os
mesmos problemas – que na Europa são muito velhos e um pouco esquecidos. Isso está dentro do que são os
seres humanos; os seres humanos a criarem um grupo, uma história com
determinados hábitos, determinadas preferências e a forma como aceitam, ou não,
que isso possa ser suplantando.»
1 comentário:
Bem se esforçam por controlar as mentes.Podem controlar por um certo tempo,mas nunca para sempre!Abraço
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